A Rússia deu calote em seus títulos soberanos estrangeiros pela primeira vez em mais de um século. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (27) pela Casa Branca.
As sanções abrangentes contra o governo de Vladimir Putin efetivamente excluíram o país do sistema financeiro global e tornaram seus ativos intocáveis, disseram os Estados Unidos da América (EUA).
O Kremlin, que tem o dinheiro para fazer os pagamentos graças às receitas de petróleo e gás, rapidamente tratou de rejeitar as afirmações, e acusou o Ocidente de conduzir o país a um default (calote) artificial.
Apesar da negativa, alguns detentores de títulos garantem que não haviam recebido juros vencidos após o fim do prazo de pagamento que expirou no último domingo (26).
Os russos têm lutado para cumprir os pagamentos de US$ 40 bilhões em títulos desde a invasão ao território da Ucrânia em 24 de fevereiro.
“A notícia desta manhã sobre a descoberta da inadimplência da Rússia, pela primeira vez em mais de um século, situa a força das ações que os EUA, juntamente com aliados e parceiros, tomaram; bem como o impacto na economia russa”, comentou uma autoridade norte-americana às margens da cúpula do G7 realizada na Alemanha.
Os esforços de Putin para evitar o que seria seu primeiro grande calote em títulos internacionais desde a Revolução Bolchevique atingiram uma barreira no final de maio, quando o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA bloqueou Moscou de fazer pagamentos.
“Desde março achávamos que um default russo seria provavelmente inevitável, e a questão era apenas quando”, declarou à agência Reuters Dennis Hranitzky, chefe de litigação soberana da empresa de direito Quinn Emanuel.
Um calote formal seria em grande parte simbólico, uma vez que a Rússia não pode tomar empréstimos internacionais no momento e não precisa fazê-lo graças às abundantes receitas de exportação de petróleo e gás. Mas o estigma provavelmente aumentará seus custos de empréstimo no futuro.
Em uma entrevista coletiva com repórteres, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia fez os pagamentos de títulos com vencimento em maio, mas o fato de terem sido bloqueados pela Euroclear por causa das sanções ocidentais “não é problema nosso”.