O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, pretende classificar os houthis no Iêmen como um grupo terrorista estrangeiro. Este grupo se constituiu como um movimento político-religioso, o Ansar Allah, majoritariamente xiita zaidita do noroeste do Iêmen.
A declaração do Departamento de Estado dos EUA, publicada em 10 de janeiro, diz que Pompeo notificará o Congresso americano da sua intenção de classificar Ansar Allah, os houthis, como Organização Terrorista Estrangeira (FTO), de acordo com a seção 219 da Lei de Imigração e Nacionalidade, e como entidade Terrorista Global Especialmente Designada (SDGT), de acordo com a Ordem Executiva 13224. “Também pretendo classificar três dos líderes de Ansar Allah, Abdul Malik al-Houthi, Abd al-Khaliq Badr al-Din al-Houthi e Abdullah Yahya al Hakim, como SDGTs.”, diz o comunicado.
Segundo Pompeo, essas classificações fornecerão ferramentas adicionais para enfrentar a atividade terrorista e o terrorismo do Ansar Allah na região do Golfo. Elas também têm como objetivo promover os esforços para alcançar um Iêmen pacífico, soberano e unido, que esteja livre da interferência iraniana e em paz com seus vizinhos.
“O progresso no tratamento da instabilidade do Iêmen só pode ser feito quando os responsáveis por obstruir a paz forem responsabilizados por suas ações”, afirma o secretário, no texto.
Os Estados Unidos foram o maior doador humanitário ao Iêmen em 2020, fornecendo US$ 630 milhões em assistência humanitária no ano fiscal de 2020 para aliviar o sofrimento do povo iemenita. A assistência americana alcançou todos os cantos do Iêmen e tem sido usada em programas de apoio crítico para alimentação, nutrição, higiene e para pessoas deslocadas internamente. Os Estados Unidos também estão fornecendo mais de US$ 18 milhões para responder à pandemia de covid-19 na região.
O grupo xiita controla grandes áreas do Iêmen e ameaçou Aden, uma cidade importante do país, além de ter como alvo funcionários do governo. O governo do Iêmen é apoiado pela Arábia Saudita, que se envolveu no conflito desde 2015, apoiando ataques aéreos e forças contra os houthis. A Arábia Saudita reconciliou-se recentemente com o Catar. Já os Houthis são apoiados pelo Irã.
O papel da Arábia Saudita na guerra gerou acusações de que ‘ela é a culpada pelo sofrimento no Iêmen’. Não está totalmente claro se a Arábia Saudita é realmente a culpada. Os Houthis são um grupo vicioso cujo slogan oficial é “Alá é o Maior, Morte à América, Morte a Israel, Maldição aos Judeus, Vitória ao Islã”. Este é um grupo baseado no antissemitismo e no ódio genocida aos judeus. Os últimos judeus do Iêmen foram forçados a fugir, pondo fim a milhares de anos de coexistência no Iêmen.
Os houthis usam tecnologia iraniana para melhorar os mísseis e drones que usam para perseguir a Arábia Saudita. Eles dispararam mísseis balísticos por centenas de quilômetros contra Riad e usam esses armamentos contra aeroportos e infraestrutura de energia.
Os EUA apoiaram o papel saudita, vendendo armas para Riade. Além disso, a Marinha dos Estados Unidos proibiu o envio de balísticas iranianas aos houthis.
O Irã usa os houthis como uma espécie de ‘procuração’ contra a Arábia Saudita e como uma plataforma de teste para foguetes e drones. A mensagem do Irã é clara: se os houthis, que são pobres e estão sob cerco, podem fazer isso com nossa tecnologia, qualquer um pode.
A decisão de Pompeo ocorre um pouco antes da entrada do novo governo dos EUA. Isso pode impactar a equipe de Biden inicialmente, que é considerada crítica em relação ao papel da Arábia Saudita no Iêmen. Pode ser difícil para a nova gestão simplesmente cancelar todas as decisões recentes de Pompeo.