O partido de Evo Morales, Movimento ao Socialismo (MAS-IPSP), busca recuperar os simpatizantes e conquistar novos eleitores para levar o cocaleiro novamente à presidência da Bolívia.
“Para nós, política é basicamente o exercício do poder para esvaziar o bolso dos ricos e entregar aos pobres. Essa é a política que deve guiar aqueles de nós que somos membros do Movimento ao Socialismo”. Foi o que afirmou Juan Ramón Quintana, ex-ministro do governo e uma das figuras mais importantes do entorno próximo de Evo Morales, em discurso no seminário político do MAS.
Se já não tivesse ficado claro durante os 15 anos em que a sigla esteve à frente da Bolívia, Quintana explicou claramente – na presença de Morales, com palavras simples e contundentes – que no MAS eles são socialistas, em que consiste o socialismo e quais são os objetivos do partido no poder.
Quintana fez essas afirmações alertando que, por correrem o “risco de se perderem ideologicamente”, é necessário que construam um “escudo” para evitar o enfraquecimento. Além disso, esclareceu que durante os 14 anos em que governou junto a Morales, a classe alta declarou “guerra a eles sem ter conseguido recuperar as riquezas dos ricos para entregá-los aos pobres”.
No mesmo sentido, no último domingo (29), Morales afirmou em um programa da rádio Kawsachun Coca que, nas semanas anteriores, o MAS definiu uma nova escala de mensalidades em seus novos estatutos, e que quando terminarem os congressos departamentais, começarão as inscrições de novos militantes para iniciar “a segunda revolução democrático-cultural” no país.
Poucas horas depois, Quintana também disse: “quanto mais lésbicas, mais homossexuais há no MAS, bem-vindos queridos camaradas, aqui vamos abraçar vocês, aqui vamos mimá-los”.
Ele ainda acrescentou: “caro camarada Evo, espero que você, realmente – digo-lhe de todo o coração – possa criar esta comunidade de heterossexuais, gays, lésbicas, etc., porque você seria o presidente mais democrático do mundo.”
A perda de adeptos do Movimento ao Socialismo desde a queda de Morales, em 2019, fez com que o partido se empenhasse ao máximo para recuperar os antigos adeptos e conquistar novos eleitores. Isto para levar novamente o cocaleiro – que também é filiado ao Foro de São Paulo – à presidência do país.
Atualmente, a Bolívia atravessa uma profunda crise econômica que, na visão de inúmeros analistas, vem ocorrendo sem que o regime esquerdista de Luis Arce apresente planos convincentes até o momento.
Jeanine Áñez
Além disso, há o caso da violação de direitos humanos e abuso de poder de Arce, que mantém encarcerada a ex-presidente interina, Jeanine Áñez, por cinco meses. Houve um sério agravo no estado de saúde física e mental de Añez nos últimos meses, culminando recentemente em uma tentativa de suicídio.
https://twitter.com/ThaisConexao/status/1429311172252209156
Em 30 de agosto, mais de 260 mulheres de todo o mundo denunciaram, através de um manifesto, a perseguição, a injustiça e os maus-tratos cruéis à ex-presidente da Bolívia, cuja vida está em risco. Líderes políticos e sociais de 22 países juntaram suas vozes em seu apoio, exigindo sua libertação.
Mujeres de todo el mundo denunciamos la persecución, injusticia y cruel maltrato a la ex Presidente de Bolivia, @JeanineAnez, cuya vida está en riesgo.
Líderes políticas y sociales de 22 países unimos nuestras voces en su apoyo y exigimos su liberación. Ayúdanos a hacer fuerza! pic.twitter.com/bR1VKE4H5C
— María Corina Machado (@MariaCorinaYA) August 30, 2021
No texto, os signatários exigem a libertação de Áñez, “sujeita a um processo que a privou de liberdade por motivos políticos, contrariando as recomendações de diferentes organismos internacionais, incluindo o Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes (GIEI), anexado ao Organização dos Estados Americanos (OEA)”.
“Apesar de ter permanecido presa ao marco institucional democrático e liderado um processo de transição que culminou na eleição do novo presidente da Bolívia, senhor Luis Arce, hoje vemos com preocupação como essas mesmas instituições que Áñez respeitava a sujeitam a um processo perante a justiça ordinária, acusando-a sem elementos convincentes ou legalmente comprovados da prática de crimes”, acrescentam.
Assim, os autores do manifesto indicam que Áñez é inocente, “deve ter o direito de se defender em liberdade e deixar de ser mantida em prisão preventiva” e “ser transferida o mais rápido possível para um centro de saúde para ser avaliada e tratada antes que sua vida continue a ser em perigo”.