O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, foi entrevistado na quinta-feira (5) por Tucker Carlson, da emissora americana “Fox News“. Durante a entrevista, que ocorreu em Budapeste, Orbán alertou para o risco de interferência externa nas eleições parlamentares do próximo ano.
“Obviamente, a esquerda internacional fará tudo que puder, provavelmente ainda mais, para mudar o governo aqui na Hungria”, disse Orbán, ao ser questionado se ele estava preocupado com a possibilidade de haver interferência internacional no pleito. “Isso vai acontecer, mas estamos preparados para isso.”
As eleições húngaras estão previstas para abril de 2022. Em uma tentativa de tirar o atual primeiro-ministro do poder, os partidos da oposição querem se unir e escolher um candidato comum. As pesquisas preveem uma disputa direta entre a aliança opositora e o partido conservador de Orbán, o Fidesz.
Na entrevista, Carlson também abordou a crise europeia causada pela imigração em massa em 2015. “Proteger” a Hungria é um direito que vem de “Deus e da natureza”, respondeu Orbán. “Não há direito humanitário de vir aqui”.
Ao ser questionado sobre as diferenças das políticas de imigração de alguns países da União Europeia e da Hungria, o mandatário respondeu: “Eles querem uma sociedade pós-cristã e pós-nacionalista”. O risco de que isso acabe mal é “óbvio”, segundo ele.
Carlson também perguntou ao primeiro-ministro húngaro sobre as consequências de aceitar imigrantes em massa na Alemanha. Orbán foi incisivo e direto na resposta: “A Alemanha teve o que mereceu”.
O primeiro-ministro citou a diferença de opinião sobre a questão da imigração como o motivo pelo qual foi frequentemente criticado por outros chefes de governo. “Por isso, sou tratado como a ovelha negra da UE”, avaliou.
Questionado sobre se o líder húngaro espera que o governo de Joe Biden tente “impedir” sua reeleição, Orbán disse que “mais cedo ou mais tarde os americanos perceberão que as questões da Hungria devem ser decididas pelos húngaros”.
“É melhor até mesmo para o governo liberal de esquerda nos Estados Unidos ter um bom parceiro que seja cristão democrático conservador e apoiado por longo prazo pelo povo húngaro”, acrescentou.
“É melhor ter isso do que um governo que é apoiado pela América e assume sua posição, mas perde depois de vários meses, criando desestabilização e incerteza”, disse. “Um parceiro não amado, mas estável, é melhor do que um parceiro incerto. Espero que os americanos entendam isso.”
As políticas de defesa das fronteiras do governo húngaro, como a construção de cercas, renderam ao líder húngaro elogios do ex-presidente americano Donald Trump, quem Orbán chamou de “um grande amigo da Hungria”.
A política de “América em primeiro lugar” de Trump foi “uma mensagem muito positiva aqui na Europa Central […] significa que a Hungria também poderia estar em primeiro”, afirmou.
Orbán disse ainda lamentar a derrota eleitoral em junho do ex-premiê israelense Benjamin Netanyahu.
“O pensamento democrático conservador húngaro e democrático judaico-cristão perdeu dois grandes apoiadores internacionais e os oponentes chegaram ao poder”, analisou.