Sem tolerância. É assim que os opositores do regime ditatorial instalado na Nicarágua são tratados. Em mais uma investida, o país condenou Olesia Auxiliadora Muñoz Pavón e Anielka García a 10 e 8 anos de prisão, respectivamente, por crimes considerados traição, informou a imprensa local neste domingo (24).
Muñoz Pavón, de 51 anos, foi condenada a 10 anos pelo crime de propagação de notícias que são enquadradas como falsas e conspiração para minar a integridade nacional, que é considerado traição. A mulher está ligada a uma paróquia no município de Niquinohomo, sul da Nicarágua. A líder religiosa foi detida pela Polícia Nacional em abril do ano passado.
A mulher presta serviços pastorais no coro da paróquia de Santa Ana, em Niquinohomo; é palestrante na comunidade de El Portillo e trabalha em uma loja de um mercado em Manágua. Na prisão feminina, ficou conhecida por cantar hinos religiosas dentro da prisão.
No entanto, em agosto de 2018, no âmbito dos protestos contra a ditadura, ela foi acusada de ser líder de um grupo “terrorista” que cometeu “atos criminosos contra a população” e instituições públicas e privadas no departamento de Masaya. O Ministério Público a acusou dos crimes de terrorismo, crime organizado, sequestro, extorsão, roubo com intimidação e obstrução de serviços públicos. Em 2019, por meio de anistia, ela foi solta.
Já Anielka García, por sua vez, foi condenada a 5 anos de prisão pelos crime de divulgação de notícias falsas e a 3 anos pelo crime de conspiração para atentar contra a integridade nacional. A juíza do Décimo Terceiro Tribunal de Manágua, Ulisa Yahoska Tapia Silva, também a desqualificou para concorrer a cargos públicos. Além disso, ela recebeu multa de 500 dias, equivalente a 38.815 córdobas (US$ 1.063).
García foi presa na noite de 4 de abril de 2023 em sua empresa. Ela é mãe solteira de dois filhos, um de 8 anos e outro de 16 anos, que agora estão sob os cuidados das avós.