Em um artigo publicado nesta segunda-feira (26), o jornal The New York Times, o maior dos Estados Unidos, questiona eventuais avanços do Supremo Tribunal Federal (STF) para além de suas competências legais.
A publicação reflete sobre ações exageradas na ação contra oito empresários brasileiros investigados por mensagens trocadas no WhatsApp, que supostamente discutiam a possibilidade de um golpe de Estado.
O texto do periódico indaga: “Para defender a democracia, a Suprema Corte do Brasil está indo longe demais?”. De acordo com o jornal, existe um temor de que Bolsonaro não aceite uma eventual derrota nas urnas. Ainda assim, o que veio a seguir foi mais alarmante: agentes federais fazendo busca e apreensão na casa dos empresários, bloqueio de contas bancárias, quebra de sigilos bancário e telefônico e suspensão de contas nas redes sociais.
Ainda conforme o texto, a ordem para essas ações foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes com base apenas nas mensagens do grupo de WhatsApp do qual os empresários faziam parte. Nelas, apenas dois empresários manifestavam apoio a um possível golpe de Estado.
Para o jornal, o ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a operação, atuou para combater Bolsonaro e seus apoiadores e, para isso, mirou empresários aliados do governo.
— Foi uma demonstração crua de força judicial, que coroou uma tendência em formação: a Suprema Corte do Brasil expandiu drasticamente seu poder para combater as posições antidemocráticas de Bolsonaro e seus apoiadores — sustenta o NYT.
O texto destaca que Moraes prendeu cinco pessoas sem julgamento, por postagens nas mídias sociais que, segundo ele, atacaram as instituições do Brasil. O ministro também ordenou que as redes sociais removam uma série de postagens e vídeos, com pouco espaço para apelação.
— Em muitos casos, Moraes agiu unilateralmente, encorajado por novos poderes que o tribunal concedeu a si mesmo em 2019 que lhe permitem, de fato, atuar como investigador, promotor e juiz ao mesmo tempo, em alguns casos — acrescenta.