Uma mãe da cidade americana de Princeton, no Texas, postou várias fotos confrontantes e muito íntimas no Facebook que ilustram a luta difícil das crianças pequenas, quando são afetadas pelo câncer. Beckett, filho de 4 anos de idade de Kaitlin (28) e Matthew Burge, foi diagnosticado com leucemia linfática em abril do ano passado. Desde então, ele recebeu quimioterapias muito pesadas. Sua irmã Aubrey, de 5 anos, apoia o irmãozinho quando ele está em casa.
“É cativante ver como nossa filha o ajuda quando está com náuseas de novo e precisa ir ao banheiro vomitar. Então, ela dá um tapinha no irmão doente e sussurra palavras inspiradoras para ele”, escreveu a mãe no Facebook.
Após meses de hospitalização, o menino está atualmente em casa e a quimioterapia continua na forma de comprimidos que ele deve tomar. O tratamento deve ser mantido até agosto de 2021, incluindo quimioterapias regulares e internações hospitalares.
“Tenho certeza de que sua irmã o carregará o tempo todo”, disse a mãe.
Beckett não é a única criança afetada pela temida doença. A condição pode se manifestar em qualquer idade, mas é mais comum (60%) em crianças entre 0 e 14 anos de idade. Os prognósticos de recuperação variam de cura a resultados menos positivos.
Leucemia
De acordo com o American Cancer Society, a leucemia é o câncer mais comum em crianças e adolescentes, representando cerca de 30% dos casos de câncer. No entanto, leucemia infantil é uma doença rara.
Os sintomas da doença costumam ser desconforto extremo, cansaço, fraqueza e, em alguns casos, febre, sangramentos e hematomas. É muito comum crianças e adolescentes também sentirem dor óssea ou em articulações.
Para o diagnóstico, é realizado um hemograma completo. Se o exame estiver alterado, indicando a presença da leucemia, também é feito um exame específico direto da medula óssea. O diagnóstico tardio e a falta de acesso ao tratamento adequado em alguns casos são fatores que aumentam o número de fatalidades.
Tratamento
O tratamento é realizado com quimioterapia e, em alguns casos, que variam conforme cada paciente, também pode ser necessário um transplante de medula óssea.
Segundo dados do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME), cerca de 4.700 crianças e adolescentes estão na lista de espera por um transplante no Brasil.
No Brasil
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (Inca) e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), o câncer é a segunda causa de morte entre crianças e adolescentes até os 19 anos, ficando atrás apenas de causas externas, como acidentes e violência. Entre os tipos de cânceres mais comuns entre os mais novos estão a leucemia, tumores do sistema nervoso central e linfomas.
Em 2018, o INCA previu que 12,5 mil crianças seriam diagnosticadas com câncer no Brasil. Essa mesma previsão deve se repetir em 2019.
De acordo com a ABRALE (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), na criança e adolescente, o câncer costuma dar sinais e se desenvolver rapidamente, por isso é muito importante sempre ficar atento a qualquer alteração tanto física, quanto de comportamento. O diagnóstico precoce da doença faz toda a diferença.
Mas se comparado ao adulto, os resultados são muito mais animadores. Com os avanços da medicina, as chances de cura hoje podem chegar até a 70%, considerando todos os tipos.
A ABRALE aconselha que caso uma criança for diagnosticada com qualquer tipo de câncer, os pais não devem se apavorar. Pois, existem tratamentos importantes, que podem oferecer qualidade de vida e ótimos resultados.
Mesmo ninguém estando preparado para uma notícia como essa, compreender a doença, o tipo de câncer, o estadiamento (o quanto o câncer se espalhou pelo corpo), o prognóstico, além de acompanhar a evolução e os resultados é fundamental para se adquirir confiança e, assim, ajudar o paciente no que for preciso.
Apoio famíliar
Segundo a ABRALE, é importante ter em mente que a criança ou o adolescente dependerão da segurança da família para se sentir igualmente seguro e enfrentar o que vem pela frente. E para isso, todas as dúvidas da família devem ser esclarecidas com o médico responsável, sobre os exames que serão realizados aos tratamentos disponíveis.
Outro conselho importante da ABRALE é que a família seja sempre sincera com a criança ou o adolescente, para que o paciente se sinta seguro no lar e tenha confiança em seus pais e cuidadores.
Impacto na família
Com suas fotos, Kaitlin Burge não quer inicialmente destacar as dificuldades do filho, mas o impacto sofrido pela família.
“O efeito que isso pode ter em casa. Você quase sempre ouve falar sobre os altos custos com assistência médica ou tratamentos médicos, mas quase nunca sobre o impacto dessa doença em uma família. É por isso que eu mostro essas fotos que podem ser julgadas por muitos como ‘difíceis e desnecessárias'”, escreveu Kaitlin em sua rede social.
Kaitlin fala sobre o que mudou em abril do ano passado.
“De um dia para o outro, meus filhos tiveram que trocar jogos na escola por momentos em quartos de hospital gelados. Nossa filha sempre foi conosco. Ela observou vários médicos colocarem uma máscara no rosto de Beckett, picá-lo com agulhas e injetar remédios em seu corpo. Aubrey, então com 4 anos, viu como o irmão estava desamparado. Ela sabia que algo estava errado, mas não conseguiu discernir ‘o que’, devido à sua tenra idade. A única certeza para ela era que seu melhor amigo havia ficado muito doente”, escreveu a mãe.
Após sua hospitalização, Aubrey continuou a apoiar o irmão.
“Ela observa como ele tem dificuldade para andar e brincar. O garoto, outrora tão enérgico que ela conhecera, havia se transformado em um irmãozinho quieto, doente e com sono. E ela não entende que terapias ele recebe para recuperar sua força e o motivo de Beckett não poder ir ao parque com ela. E também, a razão pela qual seu irmão não precisa ir à escola e ela sim”, conta a mãe.
Participação
Embora Aubrey ainda seja pequena, de acordo com a mãe, ela percebe globalmente o que está acontecendo. “E o mais importante é que ela ajuda o irmão”, disse Kaitlin.
“O confronto direto de crianças com um parente doente como Beckett não deve ser evitado. As crianças doentes precisam de apoio e podem se beneficiar por estarem juntas. Manter irmãos ou irmãs à distância não é bom. O mais importante para as crianças doentes é que elas saibam e percebam que são bem cuidadas em todas as circunstâncias”, disse Kaitlin.
Segundo a mãe, as fotos que ela compartilhou recentemente ilustram isso.
“Nossa filha apoia Beckett, independentemente da situação em que ele esteja. Fico feliz em vê-los assim, mas também tristes porque eles são confrontados com tantos fatos concretos em uma idade jovem. Como resultado, os dois se aproximaram. Ela sempre cuida bem do irmão, que já perdeu quase 5 Kg e ficou careca. A qualquer momento. Como quando ele tem que vomitar, entre duas quimioterapias. Então, ela o ajuda com cuidado, acaricia suas costas e está lá para apoia-lo”, disse a mãe.
Não está claro se as quimioterapias pelas quais Beckett está passando estão sendo bem-sucedidas. A mãe não fez declarações sobre isso.
“O mais importante é o conhecimento de que nosso filho não está lutando sozinho, mas junto com seus pais e, acima de tudo, com sua querida irmã Aubrey”, concluiu Kaitlin.