O contrabando ilegal de ouro patrocinado pelo regime socialista venezuelano estaria prestes a adquirir um volume gigantesco não registrado até agora. Possivelmente, Nicolás Maduro parece estar se preparando para isso.
Recentemente, foi noticiada a expansão do “serviço internacional de carga aérea” da empresa aérea fundada pelo governo venezuelano, a Conviasa, que é ratificada como eixo central nas atividades ilegais do regime madurista.
A partir de 30 de abril, a empresa adicionará novas rotas que a tornariam a maior contrabandista de ouro do mundo.
A Conviasa informou suas novas conexões aéreas para o transporte de cargas por meio das redes sociais. A estatal não deu muitos detalhes sobre o assunto, mas deixou um número de telefone e um e-mail de contato para dar mais informações.
Os novos destinos asiáticos reproduzem as conhecidas rotas internacionais do tráfico ilegal de ouro. Entre outros estão os Emirados Árabes Unidos, Turquia, Índia, Tailândia, Rússia, China e Malásia. Esses países fazem parte de um circuito de mercado negro de ouro.
Maduro sobreviveu nos últimos anos recorrendo ao ouro como último recurso de financiamento. O ditador socialista esvaziou as reservas do Banco Central da Venezuela e entregou a países como Turquia e Irã, irregularmente.
“A partir de 30 de abril, nossos serviços de carga aérea fornecerão conexão para 16 destinos no mundo, iremos transferir sua mercadoria para o México, Rússia, Síria, Emirados Árabes Unidos, Irã, Afeganistão, Tailândia, Malásia, China, Índia e Turquia”, escreveu a Conviasa Airline, em 9 de abril, no Twitter.
#9AbrA partir del 30 de abril nuestro servicios de carga aérea te brindará conexión con 16 destinos del mundo, trasladaremos tu mercancía hacia México, Rusia, Siria, Emiratos Árabes Unidos, Irán, Afganistán, Tailandia, Malasia, China, India y Turquía pic.twitter.com/Vlypl5PMkY
— Línea Aérea Conviasa (@LAConviasa) April 9, 2021
China e Índia
Com a nova atividade de transporte de carga da Conviasa, o regime de Maduro visaria expandir o leque de suas atividades ilegais com ouro. Eles querem atingir mais países diretamente e não depender de intermediários.
Até o momento, o ditador teve que triangular seus embarques com outros países, como através da Líbia. Mas também há outros que serviram como pontos de trânsito para o transporte de ouro para o Oriente Médio. Essa região não extrai quase ouro, mas os países do Golfo são ricos e compram muito desse metal. Por exemplo, os Emirados Árabes Unidos, com Dubai, são um dos maiores compradores e vendedores mundiais de produtos de ouro. Ao mesmo tempo, o país participa das transações mais questionáveis desse metal precioso.
Um relatório do International Policy Digest, publicado em março, destaca o esforço dos Emirados Árabes Unidos para limpar sua imagem. Em 2020, pelo Mali e com aviões russos, Maduro mandou ouro aos Emirados em troca de dólares.
Após o refino, o produto final foi vendido principalmente para os Emirados Árabes Unidos. Seu valor estimado era de 1 bilhão de dólares. Ao fazer isso, o governo socialista efetivamente contornou as sanções dos EUA ao ouro venezuelano.
Assim que a Conviasa ativar sua rota Caracas-Dubai, não haverá necessidade de se deslocar a nenhum outro país para enviar o ouro secretamente, e de lá poderá seguir clandestinamente para muitos outros países.
Um estudo da ONG canadense Impact revelou que comerciantes contrabandeavam ouro ilícito de Dubai para muitos locais. A Impact se dedica a ajudar os países em desenvolvimento a melhorar a forma como gerenciam seus recursos naturais.
A pesquisa aponta que 65% do mercado negro de ouro se movimenta por via aérea no mundo. Os aviões são o meio de transporte preferido dos contrabandistas. Os principais destinos incluem Bangladesh, Butão, Nepal, Paquistão, Cingapura e Tailândia, mas quase invariavelmente, o ouro acaba na Índia. Nesse país, um dos pontos de entrada deste ouro é o Aeroporto Internacional Rajiv Gandhi (RGIA), perto de Hyderabad, no centro do país. Recentemente, funcionários da alfândega daquele terminal apreenderam 21 quilos de ouro, conforme informou o site indiano The Hans India.
Uma remessa de ouro e joias não-declarados, que não tinha nenhum documento de exportação, chegou de um dos países do Golfo com destino a Mumbai. Em outra ocorrência, duas mulheres de Dubai foram detidas por funcionários da alfândega por transportar ilegalmente pasta de ouro no valor de quase US $ 700.000.
A Índia importa 800 a 900 toneladas de ouro por ano. As importações em 2019-20 somaram US $ 28,2 bilhões, 14,23% menos do que os US $ 32,91 bilhões importados em 2018-19, segundo informações do Business Today. Várias agências estimam que aproximadamente 250 toneladas de ouro são contrabandeadas para a Índia. Esse comércio ilícito representou mais de 1 bilhão de dólares em valor.
Isso representa cerca de um quarto do ouro consumido na Índia, que é o maior centro de fabricação de joias do mundo. A Índia também é o segundo maior consumidor de ouro do mundo, depois da China. A Conviasa voará para os dois países com seu “serviço internacional de carga”.
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Ouro e o crime organizado
O World Gold Council (WGC), que monitora o comércio de ouro no atacado, previu que o consumo de ouro na Índia em 2020 seria de cerca de 700-800 toneladas, em comparação com as 690,4 toneladas no ano passado. O consumo médio em 10 anos é de 843 toneladas.
Como alternativa ao papel-moeda, os criminosos geralmente preferem ouro para lavagem de dinheiro e comércio ilícito. É um mineral de alto valor e fácil de transportar. O ouro ilícito, depois de entrar na Índia, é facilmente absorvido no mercado legal e reexportado como joalheria, dizem as fontes. Para cada 5 kg de ouro que entra na Índia, quase 1 kg retorna como joia.