O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta sexta-feira (14) que os super-ricos representam um “risco à democracia” devido à concentração de renda que possuem. A declaração ocorreu durante sua participação na cúpula do G7, na Itália, onde discute temas como transição energética e inteligência artificial.
Lula tem defendido consistentemente a taxação de grandes fortunas como uma medida para combater a pobreza, especialmente em países africanos, que ele considera mais afetados pela desigualdade econômica.
“Já passou da hora dos super-ricos pagarem sua justa contribuição em impostos. Essa concentração excessiva de poder e renda representa um risco à democracia”, afirmou.
O presidente se referia a uma proposta internacional que defende no G20 e que inclui uma parceria com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltada para políticas trabalhistas. A proposta visa “promover o emprego decente e a inclusão social”, além de ressaltar que o Estado “precisa recuperar seu papel de planejador do desenvolvimento”.
Críticas à ONU e Israel
O presidente brasileiro também criticou as instituições de governança atuais, frequentemente aludindo à ONU, afirmando que estão inoperantes diante da realidade geopolítica atual e perpetuam privilégios. Ele destacou o aumento dos gastos com armamentos, que alcançaram US$ 2,4 trilhões em 2023, e a situação em Gaza, onde, segundo ele, o direito de defesa se transformou em direito de vingança.
“As instituições de governança estão inoperantes diante da realidade geopolítica atual e perpetuam privilégios. […] Em Gaza, vemos o legítimo direito de defesa se transformar em direito de vingança. Estamos diante da violação cotidiana do direito humanitário, que tem vitimado milhares de civis inocentes, sobretudo mulheres e crianças”, afirmou.
Lula também comentou sobre a guerra na Ucrânia, reafirmando a condenação do Brasil à invasão russa. Ele destacou que apenas uma conferência internacional, similar à proposta com a China, que já tem o apoio de 52 países, poderá viabilizar a paz. “Somente uma conferência internacional que seja reconhecida pelas partes viabilizará a paz”, pontuou.
Desigualdade reflete na África
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também abordou a situação na África, destacando a vulnerabilidade do continente, que possui uma população de 1,5 bilhão de habitantes.
“Muitos países africanos estão próximos da insolvência e destinam mais recursos para o pagamento da dívida externa do que para a educação ou a saúde. Isso constitui fonte permanente de instabilidade social e política. Sem agregar valor a seus recursos naturais, os países em desenvolvimento seguirão presos na relação de dependência que marcou sua história”, ressaltou.
Lula concluiu seu discurso enfatizando a importância do G7, Brics e G20 na construção de um futuro compartilhado que supere desigualdades e injustiças históricas. Ele reforçou que a colaboração internacional é essencial para enfrentar os desafios globais atuais.