Os líderes da Austrália e do Japão se reuniram nesta terça-feira (17) em Tóquio e chegaram a um acordo básico sobre um pacto de defesa bilateral que permitirá que suas tropas trabalhem de forma mais próxima, enquanto os dois aliados dos EUA buscam fortalecer seus laços para conter o crescente expansionismo chinês na região pacífica da Ásia.
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, e seu homólogo japonês, Yoshihide Suga, disseram que a estrutura legal, chamada de Acordo de Acesso Recíproco, permitiria que suas tropas visitassem os países uns dos outros para treinamento e operações conjuntas. Isso também aumentaria sua interoperabilidade e cooperação, disseram os líderes.
A parceria é a primeira desse tipo para o Japão desde seu acordo de status de forças com os Estados Unidos em 1960, que definiu os termos para o alicerce de cerca de 50.000 soldados americanos para operar dentro e ao redor do Japão sob o Pacto de Segurança Japão-EUA.
Em entrevista coletiva, Morrison chamou o acordo de defesa de um desenvolvimento “marco” para os dois países, que são aliados dos EUA. A Austrália e o Japão também têm relações muito fortes e positivas com todos os países do Indo-pacífico, disse o líder australiano.
O Japão está empenhado em manter e aprofundar sua aliança de 60 anos com os EUA como a pedra angular de sua diplomacia e segurança, mas nos últimos anos tem procurado complementar sua defesa regional intensificando a cooperação com outros, especialmente com a Austrália, em meio ao crescimento da China em atividades marítimas.
O Japão se limita oficialmente à autodefesa e proíbe os primeiros ataques sob sua constituição pacifista pós-Segunda Guerra Mundial, mas aumentou seu papel de defesa e gastos durante o governo do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe.
Abe pressionou por maior cooperação militar e compatibilidade de armas com os Estados Unidos, à medida que as forças japonesas trabalham cada vez mais ao lado das tropas americanas. Ele também aumentou as compras de caças americanos e outros armamentos.
Suga, que assumiu o cargo em setembro depois que Abe renunciou devido a problemas de saúde, continua com as políticas diplomáticas e de segurança de seu antecessor.
Os dois países assinaram um acordo de cooperação em defesa em 2007. As duas nações concordaram com o compartilhamento de suprimentos militares em 2013 e expandiram o acordo em 2017 para incluir munições, depois que o Japão diminuiu as restrições à transferência de equipamentos de armas.
Suga disse que o Japão e a Austrália são “parceiros estratégicos especiais” que estão ambos comprometidos com os valores fundamentais como liberdade, democracia, direitos humanos e Estado de Direito, e estão trabalhando juntos para alcançar a paz e a estabilidade na região. Ele acredita que o novo acordo reforça sua determinação de contribuir para a paz regional e que elevará a cooperação de segurança a um novo nível.
Em uma declaração conjunta, Suga e Morrison expressaram “sérias preocupações sobre a situação” nos mares do Sul e Leste da China e “forte oposição” à militarização de ilhas disputadas e outras tentativas unilaterais de mudar o status quo, sem identificar a China – sinalizando sua sensibilidade em relação à parceira comercial com o dragão chinês.
O Japão iniciou uma visão de cooperação econômica e de segurança chamada de “Indo-Pacífico Livre e Aberto” como um contra-ataque à influência do Partido Comunista Chinês, e recentemente sediou conversas entre os Ministros das Relações Exteriores de quatro países da aliança The Quad – Japão, Estados Unidos, Austrália e Índia.
Essas quatro nações estão agora buscando agregar mais países, do Sudeste Asiático e além, que compartilhem as preocupações sobre as crescentes ameaças expansionistas da China na região.
A China defende suas ações nos mares regionais como ‘pacíficas’ e nega violar as regras internacionais. Ela criticou a nova aliança The Quad classificando-a como uma “OTAN asiática” para conter a China.
Apesar de sua constituição pacifista, os gastos com defesa do Japão estão entre os 10 maiores do mundo, de acordo com o istituto suéco Stockholm International Peace Research Institute. A Austrália está entre os 15 primeiros.