O líder do ataque à embaixada dos EUA em Bagdá, Hadi al-Amiri, foi visto no Salão Oval com o presidente Obama em 2011, durante uma visita marcada com a retirada das tropas dos EUA no Iraque, de acordo com a Fox News.
Segundo a Fox News, Hadi al-Amiri foi ministro dos Transportes do Iraque sob o então primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, e esteve no Salão Oval como parte da delegação de Maliki em uma visita à Casa Branca, em dezembro de 2011.
Na terça-feira (31), al-Amiri estava entre os líderes do ataque contra a embaixada dos EUA em Bagdá, quando foi invadida e incendiada por militantes pró-Irã. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, compartilhou uma foto de Amiri em meio aos manifestantes, condenando-o como um ‘agente iraniano’ e chamando Amiri e seus comparsas de ‘terroristas’.
Em uma postagem no Twitter na terça-feira, Pompeo identificou Amiri, escrevendo: “O ataque hoje foi orquestrado por terroristas – Abu Mahdi al Muhandis e Qays al-Khazali – e encorajado por representantes iranianos – Hadi al Amari e Faleh al-Fayyad. Todos são vistos do lado de fora da nossa embaixada”.
The attack today was orchestrated by terrorists – Abu Mahdi al Muhandis and Qays al-Khazali – and abetted by Iranian proxies – Hadi al Amari and Faleh al-Fayyad. All are pictured below outside our embassy. pic.twitter.com/2QfGGrfmDd
— Secretary Pompeo (@SecPompeo) December 31, 2019
Amiri foi um ex-guerrilheiro que lutou por Teerã durante a Guerra Irã-Iraque na década de 1980 e foi acusado de terrorismo contra os Estados Unidos e de ajudar o Irã a enviar armas para o líder do Syrain, Bashar al-Assad.
De acordo com a Fox News, a presença de Amiri na Casa Branca causou espanto, devido a seus laços com o Irã. Quando Saddam Hussein governou o Iraque, Amiri também serviu como comandante do Corpo de Badr, que era o braço militar do Conselho Supremo do Iraque.
Amiri lidera o ‘Badr Corps’(Corpo de Badr), uma das maiores milícias pró-iranianas no Iraque, que faz parte das Forças de Mobilização Popular (FMP), que é a maior rede de milícias xiitas.
No entanto, em 2011, Amiri acompanhou o ex-primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, e vários outros assessores importantes de Bagdá em uma visita de alto perfil à Casa Branca de Obama, com o encerramento oficial do envolvimento militar dos EUA no Iraque.
A inclusão de Amiri na viagem a Washington causou preocupação na época, devido ao seu envolvimento e vínculos com o Corpo de Guardas Revolucionários do Irã (IRGC), que apoiou o Corpo de Badr na época e estava vinculado a vários ataques a alvos ocidentais. Durante o governo do ditador iraquiano, Saddam Hussein, Amiri serviu como comandante do Badr Corps, que na época era a ala militar do Conselho Supremo do Iraque.
A Casa Branca de Obama subestimou a visita de Amiri, ressaltando que até o governo Bush procurou iraquianos que estavam perto do governo iraniano, durante o governo de Saddam. O governo Obama adotou uma postura dura contra o IRGC, com o Departamento do Tesouro, na época, aplicando sanções contra oficiais militares iranianos, mas o envolvimento de Amiri na viagem de alto perfil pareceu colidir com seus “esforços”.
David Bossie, presidente da Citizens United e ex-funcionário da campanha de Trump em 2016, twittou na quinta-feira (2) que parece que o ex-vice-presidente, Joe Biden, também fez parte da sessão de 2011. Ele postou registros do Departamento de Estado listando Biden – junto a Obama e a então secretária de Estado Hillary Clinton – entre os participantes da reunião com a delegação iraquiana.
Não está claro qual foi o nível de envolvimento de Amiri no cerco à embaixada no início desta semana, onde centenas de manifestantes invadiram o complexo da embaixada, que é uma das missões diplomáticas dos EUA mais fortemente fortalecidas no mundo.
EUA x Irã
Os EUA e o Irã buscam influência sobre o Iraque desde a invasão liderada pelos EUA em 2003, que derrubou o reinado de Hussein. O Irã tem laços estreitos com a maioria xiita do Iraque e com muitas de suas principais facções políticas. Sua influência tem crescido constantemente desde então.
O Irã ajudou a mobilizar dezenas de milhares de milicianos majoritariamente xiitas para combater o grupo Estado Islâmico, quando invadiu o norte e o oeste do Iraque em 2014, quando as forças armadas entraram em colapso. Na campanha subsequente contra o EI, os EUA e o Irã forneceram ajuda vital às forças iraquianas, que declararam vitória em dezembro de 2017.
A influência política das milícias apoiadas pelo Irã aumentou nos últimos anos e seus aliados dominam o parlamento e o governo iraquiano.
Além de enviar tropas adicionais para o Oriente Médio, o Governo Trump também atualizou seu aviso de viagem para o Iraque.
“Em 31 de dezembro de 2019, a Embaixada suspendeu os serviços consulares públicos, até novo aviso, como resultado de danos causados por ataques terroristas apoiados pelo Irã ao complexo da Embaixada”, disse o Departamento de Estado na quinta-feira (2).
A embaixada norte-americana em Bagdá apelou hoje (3) aos seus cidadãos que deixem o Iraque “imediatamente”. O pedido foi divulgado poucas horas depois da morte do general iraniano, Qassem Soleimani.
A representação diplomática dos EUA pediu aos norte-americanos no Iraque “que partam de avião o mais rápido possível” ou saiam “para outros países por via terrestre”.
As principais passagens de fronteira do Iraque levam ao Irã e à Síria, mas há outros pontos de passagem para a Arábia Saudita e a Turquia.