Duas grandes empresas americanas, Lowe’s e Ford, são as mais recentes a reduzir sua participação em programas de diversidade, enquanto a pressão de grupos conservadores para que corporações se afastem do ativismo político continua a crescer.
A Lowe’s está diminuindo suas iniciativas de diversidade e inclusão (DEI) em resposta à decisão da Suprema Corte que, no ano passado, derrubou a ação afirmativa baseada em critérios raciais para admissões universitárias. Da mesma forma, a Ford está ajustando suas políticas para refletir a diversidade de opiniões entre funcionários e clientes e se adaptar às mudanças no cenário político e legal.
“Como muitas outras empresas, em julho de 2023, após a decisão da Suprema Corte nos casos de Harvard/UNC, começamos a revisar nossos programas de diversidade e inclusão para garantir que sejam legais e alinhados com nosso compromisso de incluir todos nas incríveis oportunidades aqui na Lowe’s e garantir que ninguém seja excluído”, declarou a Lowe’s em um memorando interno obtido pela National Review.
A Lowe’s está consolidando todos os seus grupos de recursos empresariais em uma única organização, eliminando a divisão de funcionários com base em raça e gênero. A empresa também decidiu encerrar sua participação no Índice de Igualdade Corporativa da Human Rights Campaign, que avalia o grau de adesão das empresas à ideologia progressista em questões de sexualidade e gênero.
Essa mudança ocorre após a decisão da Suprema Corte, que considerou que as políticas de admissão baseadas em raça adotadas por Harvard e pela Universidade da Carolina do Norte violavam a Cláusula de Proteção Igualitária da 14ª Emenda. A ação afirmativa que favorece a raça em admissões universitárias é vista de forma semelhante aos programas de diversidade corporativa que consideram a raça em decisões de contratação.
O memorando interno da Lowe’s foi inicialmente divulgado por meio de uma postagem nas redes sociais na terça-feira, feita pelo ativista conservador Robby Starbuck, que reivindicou influência na mudança de política da empresa.
Robby Starbuck, um crítico das iniciativas de diversidade promovidas pela esquerda, afirmou que planejava iniciar uma campanha nas redes sociais contra a Lowe’s, semelhante às que já conduziu contra outras grandes empresas com clientela em estados conservadores. Na quarta-feira, Starbuck divulgou um memorando interno da Ford, detalhando as razões para a mudança nas políticas de diversidade da montadora.
“Estamos cientes de que nossos funcionários e clientes têm uma ampla gama de crenças”, declarou o CEO da Ford, Jim Farley, em comunicado aos funcionários. “O ambiente externo e legal relacionado a questões políticas e sociais continua a evoluir.”
Assim como a Lowe’s, a Ford também decidiu sair do Índice de Igualdade Corporativa da Human Rights Campaign e fez ajustes em seus grupos de recursos de funcionários para garantir um ambiente profissional. A empresa anunciou que não adotará cotas de diversidade para suas concessionárias e fornecedores e confirmou que não haverá cotas de contratação ou metas específicas de diversidade para compensação executiva. Embora não tenha dado detalhes, as mudanças sugerem que a Ford não direcionará seus esforços filantrópicos para ativismo social ou campanhas políticas.
Um porta-voz da Ford não quis dar mais detalhes e direcionou a National Review ao memorando interno da empresa.
“Isso não é tudo o que queremos, mas é um ótimo começo. Agora estamos forçando organizações multibilionárias a mudarem suas políticas sem nem mesmo postar, apenas pelo medo que têm de serem a próxima empresa que expomos”, escreveu Starbuck na plataforma X, em referência ao memorando da Ford.
Nas últimas semanas, empresas como Tractor Supply, John Deere, Harley-Davidson, e a proprietária da Jack Daniel’s, entre outras, encerraram seus programas de diversidade, influenciadas, em parte, pelo ativismo de Starbuck e seu grande número de seguidores nas redes sociais.
Grupos conservadores, ativistas e políticos têm feito da redução de iniciativas de diversidade de esquerda no meio corporativo uma prioridade. Esses esforços se dão por meio de campanhas de pressão, ações legislativas e processos judiciais, alegando violações de leis antidiscriminação.
A campanha de pressão mais significativa aconteceu no ano passado, quando conservadores iniciaram um boicote contra a Bud Light devido à sua parceria nas redes sociais com a influenciadora Dylan Mulvaney. Mulvaney, conhecida por compartilhar sua jornada como pessoa transgênero, tem milhões de seguidores em plataformas digitais. O boicote afetou de forma visível as vendas da Bud Light, levando a marca a tentar reconquistar o público conservador através de patrocínios específicos e campanhas publicitárias com celebridades.
“A América corporativa está finalmente percebendo que a reação contra suas políticas preconceituosas e fora de sintonia não vai desaparecer”, afirmou Will Hild, diretor executivo da Consumers’ Research, uma organização de defesa do consumidor contrária às políticas corporativas de esquerda.
“O recuo rápido que estamos observando de empresas como Lowe’s, Harley-Davidson e Tractor Supply evidencia que a adoção de políticas ‘woke’, como DEI, não visa melhorar a experiência dos consumidores, mas sim promover agendas políticas”, acrescentou Hild.