O jornal inglês Financial Times repercutiu a investida do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, que determinou uma investigação da ONG Transparência Internacional no âmbito da Operação Lava Jato, em que a organização iria gerir recursos provenientes do acordo de leniência firmado pelo grupo J&F.
De acordo com o despacho de Toffoli, que corre em sigilo, a ONG iria administrar R$ 2,3 bilhões em recursos voltados a “investimentos sociais […] sem que se submeta aos órgãos de fiscalização e controle do estado”.
“A medida é a mais recente do juiz Dias Toffoli, que nos últimos meses tem procurado desfazer o legado da longa investigação da Lava Jato, uma operação de sete anos que expôs uma cultura de suborno no Brasil”, diz um trecho da matéria publicada pelo Financial Times.
O jornal pontua que, no mês passado, Toffoli cancelou temporariamente a multa de R$ 10,3 bilhões que foi imposta à J&F dentro do acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal no âmbito da Operação Greenfield. A liminar autorizada pelo magistrado tem como parte a advogada Roberta Rangel, esposa dele, em um litígio envolvendo uma das empresas do grupo.
A ação que mira a Transparência Internacional, inclusive, ocorre dias depois de ter sido divulgado um relatório da ONG que mostra uma queda de 10 posições do Brasil no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2023.
Conforme o ranking, em 2023, início do terceiro mandato Lula (PT), a pontuação brasileira diminuiu de 38 para 36 pontos no IPC e colocou o país no mesmo patamar de Argélia, Sérvia e Ucrânia.
A Transparência Internacional aponta, entre outras coisas, a “degradação das instituições”; a indicação do advogado pessoal de Lula, Cristiano Zanin, para o Supremo Tribunal Federal (STF); a escolha de Paulo Gonet Branco para o cargo de procurador-geral da República (PGR) fora da lista tríplice do Ministério Público Federal; as “emendas de relator” no Congresso; o aumento do fundo eleitoral para R$ 4,9 bilhões neste ano, entre outros.
O núcleo lulopetista, que já usou dados da organização para atacar governos de opositores, como o de Jair Bolsonaro (PL), agora de voltou contra a Transparência Internacional. Com o Planalto sob Lula, esquerdistas põem os dados recém divulgados sob suspeita.