Um estudo divulgado no início de maio pelo instituto de pesquisas americano Just Facts revelou que entre 10% a 27% dos adultos imigrantes nos Estados Unidos, sejam eles residentes legais (ainda sem cidadania) ou ilegais, estão inscritos irregularmente nos postos eleitorais para votar nas eleições federais. O estudo utilizou dados atualizados e uma metodologia aprimorada de um artigo sobre o mesmo tema, publicado em 2014 pela revista Electoral Studies.
O Just Facts analisou dados do Censo dos EUA sobre imigrantes divulgados em 2022, que indicavam a presença de 19,7 milhões de imigrantes adultos vivendo no país. Este número pode ter aumentado, considerando a atual crise migratória na fronteira sul.
Com base nesses dados, o instituto estima que entre 2 milhões e 5 milhões desses imigrantes estejam registrados de maneira ilegal nos postos eleitorais dos estados americanos, destacando uma preocupação significativa sobre a integridade do processo eleitoral.
O estudo do Just Facts destacou que, em eleições presidenciais, aproximadamente metade dos imigrantes inscritos ilegalmente tende a comparecer às urnas. Com base na taxa de registro eleitoral e no índice de participação, o instituto estima que entre 1 milhão e 2,7 milhões desses imigrantes podem acabar votando irregularmente nas eleições deste ano.
O Just Facts considera essa situação “alarmante”, apontando que esses votos têm o potencial de influenciar diretamente o resultado de uma disputa acirrada. No próximo dia 5 de novembro, os americanos elegerão novos parlamentares e o presidente dos Estados Unidos, e a preocupação é que esses votos irregulares possam alterar significativamente o resultado das eleições.
O estudo enfatiza a necessidade de medidas para garantir a integridade do processo eleitoral e evitar que votos ilegais impactem as decisões democráticas do país.
Problemas
O estudo do Just Facts ressaltou que, embora todos os 50 estados dos EUA exijam que eleitores sejam cidadãos americanos para votar em eleições federais, a legislação atual pode não estar sendo eficaz em impedir o registro irregular de imigrantes.
A lei americana também proíbe imigrantes de fazerem declarações falsas sobre sua situação no país para obter vantagens, como o registro eleitoral. No entanto, o Just Facts apontou que essa lei não tem sido suficiente para conter a prática.
Um dos problemas destacados pelo instituto é o formulário de inscrição eleitoral, que, conforme a legislação, deve ser disponibilizado por todos os estados. Esse formulário pode estar facilitando a inscrição de imigrantes que não têm direito de votar, permitindo que eles se registrem ilegalmente nos postos eleitorais.
Embora os estados exijam que os indivíduos declarem sua cidadania americana no formulário de registro eleitoral, muitos não exigem a apresentação de um documento oficial para comprovar essa cidadania, como certidão de nascimento, certificado de cidadania ou passaporte americano.
Além disso, alguns estados permitem que o registro eleitoral seja feito online, apenas com a palavra do indivíduo, sem necessidade de comprovação adicional.
James Agresti, presidente do Just Facts e responsável pelo estudo, destacou em uma entrevista para um programa local que existem “aberturas muito amplas para os não cidadãos [imigrantes sem cidadania] votarem” nos EUA.
No estudo, Agresti também apontou que alguns estados que exigem comprovação específica de cidadania no formulário de inscrição aceitam documentos inadequados para essa finalidade, como contas bancárias ou números do Seguro Social. De acordo com o Just Facts, praticamente qualquer pessoa vivendo nos EUA pode obter esses documentos, seja de maneira legal ou por meio de esquemas fraudulentos, incluindo imigrantes sem documentos.
Nos EUA, imigrantes apoiam mais os democratas
Segundo o Daily Signal, o impacto potencial desses votos irregulares é ainda maior devido a pesquisas que indicam que a maioria dos imigrantes tende a apoiar candidatos do Partido Democrata.
Além disso, muitos imigrantes, especialmente os ilegais, estão concentrados em estados onde os democratas tradicionalmente têm mais apoio, o que pode fortalecer ainda mais o partido.
De acordo com o Just Facts, nas eleições presidenciais de 2008, 82% dos imigrantes que admitiram ter votado de forma irregular nos EUA afirmaram ter escolhido o democrata Barack Obama, que acabou sendo eleito, enquanto apenas 18% votaram no republicano John McCain.
O estudo do Just Facts também mencionou pesquisas realizadas pela plataforma YouGov em 2008 e 2012, que mostraram que 70% e 60% dos imigrantes, respectivamente, se identificam como democratas, enquanto apenas 16% e 17% se identificam como republicanos.
Diante desses dados, o Just Facts informou que os republicanos no Congresso propuseram um projeto de lei que exigiria que os estados solicitassem uma comprovação efetiva de cidadania por meio de documentos oficiais para todos os indivíduos que se inscrevem para votar. No entanto, o instituto observou que veículos de comunicação e vários democratas têm se oposto a tais medidas, negando a existência de um problema significativo e seu impacto no sistema eleitoral.