Militares dos EUA realizaram um teste de voo de um tipo de míssil banido por mais de 30 anos, por um tratado que tanto os Estados Unidos quanto a Rússia abandonaram este mês, informou o Pentágono.
No domingo (18), o teste na costa da Califórnia marcou a retomada de uma competição de armas que aumenta as tensões entre os EUA e a Rússia.
O governo Trump comunicou que continua interessado no controle de armas, mas questiona a disposição da Rússia de aderir aos compromissos do tratado.
Motivo
O míssil teria violado o Tratado de Forças Nucleares (INF) de alcance intermediário de 1987, que proibiu todos os tipos de mísseis com alcance entre 500 Km e 5.500 Km. Os EUA e a Rússia retiraram-se do tratado em 2 de agosto, motivados pelo que o governo americano disse ser a falta de vontade da Rússia em parar de violar os termos do tratado.
Novo Tomahawk
O Pentágono informou que testou uma versão modificada de um míssil de cruzeiro Tomahawk da Marinha lançado do solo.
O míssil foi lançado da ilha de San Nicolas e atingiu com precisão seu alvo, depois de voar mais de 500 Km. O míssil estava armado com uma ogiva convencional, não nuclear.
Em março deste ano, autoridades de defesa haviam dito que esse míssil provavelmente teria um alcance de cerca de 1.000 Km e que poderia estar pronto para ser utilizado dentro de 18 meses.
O novo míssil de cruzeiro recorda uma arma americana nuclear que foi implantada em vários países europeus da OTAN na década de 80, junto com mísseis balísticos terrestres Pershing 2, em resposta ao acúmulo de mísseis SS-20 soviéticos visando a Europa Ocidental. Com a assinatura do tratado, esses mísseis foram destruídos.
Míssil de alcance INF
Além da variante terrestre do míssil de cruzeiro Tomahawk, o Pentágono disse que também pretende começar a testar, provavelmente até o final deste ano, um míssil balístico de alcance INF, com alcance de aproximadamente 3.000 Km até 4.000 Km. Ambos os mísseis devem ser não-nucleares.
O secretário da Defesa, Mark Esper, disse neste mês que espera que o Pentágono possa desenvolver e implantar mísseis de alcance INF “mais cedo ou mais tarde”, mas nenhum cronograma específico foi anunciado.
Ele contestou a noção de que abandonar o tratado INF irá desencadear uma corrida armamentista.
“Eu não vejo uma corrida armamentista acontecendo aqui. A Rússia é quem mais tem avançado para desenvolver esses sistemas violando o tratado, não nós”, disse Mark Esper à AP News no dia em que Washington e Moscou se retiraram do tratado.
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