Um novo estudo britânico mostra que é mais fácil vincular dados anônimos a uma identidade do que se imagina.
Os dados digitais estão em toda parte. A partir do momento em que você abre seu Facebook ou outra rede social, navega em sites de buscas, utiliza um aplicativo de pagamento ou o Spotify em seu smartphone, você gera muitos dados como usuário.
Esses dados são extremamente interessantes para as empresas. Estas podem melhorar e personalizar seus serviços on-line de acordo com as tendências do usuário. No entanto, esta mina de ouro digital também tem um lado negativo; ou seja, o uso indevido de dados e a violação de privacidade.
Em 2018, ocorreu um dos maiores escândalos de vazamento de dados da história pela empresa Cambridge Analytica, que coletou dados de 87 milhões de usuários do Facebook de maneira inapropriada.
Atualmente, muitas empresas estão tornando os dados de seus usuários “anônimos”. Em termos concretos, isso significa que não seria possível descobrir quem estaria por trás dos dados, para preservar a privacidade do usuário.
No entanto, os dados anônimos não seriam tão anônimos quanto pensamos. Muitas empresas nos fazem acreditar que são anônimos, mas a realidade não nos mostra isso.
Pesquisa universitária
Na Inglaterra, pesquisadores da Universidade de UCLouvain e Imperial College, em Londres, foram capazes de demonstrar que ainda é possível rastrear as pessoas por trás de certos dados. Isso faz com que as promessas de muitas empresas deixem de ser confiáveis.
Com a chegada de rastreadores de atividades, smartwatches e aplicativos de saúde para Android e iOS, muitas empresas agora também têm acesso a toneladas de dados extras. Muitas vezes, essas empresas prometem que esses dados não serão vinculados a uma identidade pessoal.
Como indicado anteriormente, muitos aplicativos e serviços on-line usam nossos dados para melhorar seus serviços. Entretanto, não parece ser realmente uma melhoria se os nossos dados privados forem armazenados em bancos de dados e possivelmente revendidos.
Esses pesquisadores conseguiram demonstrar, usando um algoritmo, que um pequeno software ainda pode fornecer uma combinação de certos dados para a identificação de uma determinada pessoa de maneira razoavelmente rápida e fácil.
“Com base em apenas 15 dados, 99,98% de todas as pessoas podem ser rastreadas”, publicaram os pesquisadores.
Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)
A nova legislação de proteção de dados pessoais (LGPD) parecia poderosa no papel. Esta lei foi criada muito recentemente, pela Medida Provisória 869/2018 e prevê que a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) seja a responsável por estipular os padrões e as técnicas aceitáveis para a anonimização.
Esta anonimização de dados na LGPD visa impossibilitar a identificação das pessoas relacionadas às informações. O artigo 12 da LGPD diz que os dados adequadamente anonimizados podem ser utilizados livremente, estando excluídos do escopo de aplicação da lei.
A partir da nova lei LGPD, as empresas devem, em qualquer caso, garantir que a recuperação e o uso dos dados do usuário sejam feitos de maneira amigável à privacidade, de modo que os dados não possam ser utilizados para uma identificação.
As empresas terão até agosto de 2020 para se adaptarem às novas exigências.
No entanto, o estudo mostrou um lado diferente da questão e uma nova e desagradável limitação na anonimização dos dados foi revelada.
Resta-se saber quais medidas a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) tomará para garantir a privacidade dos dados.
O Conexão Política é um portal de notícias independente. Ajude-nos a continuarmos com um jornalismo livre, sem amarras e sem dinheiro público » APOIAR