A população do Chile rejeitou a proposta de uma nova Constituição para o país neste último domingo (4). Os chilenos foram às urnas para um plebiscito e a ampla maioria votou para não substituir a atual Carta Magna, escrita em 1980, ainda ditadura de Augusto Pinochet.
Com 99,9% dos votos apurados, 61,81% foram contrários à medida, enquanto somente 38,13% aprovaram. A ideia era defendida pelo presidente Gabriel Boric e sua base aliada no Congresso.
“A proposta não conseguiu convencer a maioria”, admitiu nas redes sociais o senador socialista Jaime Quintana, aliado do mandatário. O resultado representou uma dura derrota para os movimentos de esquerda do Chile.
Em 2020, 80% da população participou de um outro plebiscito e votou para que houvesse mudanças constitucionais. No entanto, a convenção que redigiu o novo texto da carta tinha uma maioria de esquerda que queria implantar alterações de caráter socialista.
Entre as sugestões do colegiado estavam dispositivos como reconhecimento do direito ao aborto, obrigação de 50% de vagas para mulheres em todos os órgãos do Estado, criação de sistema judicial indígena, definição do Chile como Estado plurinacional e intercultural e duríssimas regras sobre meio ambiente.
Também fazia parte do texto a legalização das drogas, o aumento do imposto de renda em 200% e a transferência das polícias para um Ministério da Paz, Convivência e Segurança.
Representantes da direita na Assembleia Constituinte não alcançaram sequer um terço dos assentos para ter direito a veto, o que levou muitos cidadãos a entenderem que a intenção, na realidade, era refundar o país, provocando a rejeição de setores expressivos da sociedade.