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A grave crise econômica e política que a Venezuela atravessa nos últimos anos elevou o fluxo migratório de cidadãos daquele país para o Brasil. Estimativa de técnicos da Subsecretaria de Avaliação e Monitoramento da Presidência da República é de que nos próximos seis meses 18 mil venezuelanos cruzem a fronteira brasileira, o equivalente a 90% do total de venezuelanos que solicitaram refúgio no país ao longo de 2017 (pouco mais de 20 mil solicitações).
A Venezuela é o país de origem da maior parte de pessoas que pedem refúgio no Brasil. Das 33.865 solicitações concedidas no ano passado, 52% do total foram para venezuelanos. Muitas delas entram no Brasil em busca de comida e trabalho. Uma parte é de indígenas pertencentes à etnia Warao e que estão em situação de extrema vulnerabilidade.
De acordo com a Polícia Federal, há atualmente 32 mil venezuelanos no Brasil. A porta de entrada desses imigrantes se encontra, principalmente, em Roraima, Amazonas e, mais recentemente, Pará. O governo federal mapeou que mais de mil venezuelanos se encontram em abrigos espalhados nos municípios de Boa Vista (RR), Pacaraima (RR), Manaus (AM), Belém (PA) e Santarém (PA).
O monitoramento federal apurou que há dificuldades operacionais para receber um elevado número de venezuelanos, atraso na implementação do centro de Referência ao Imigrante em Boa Vista e também possibilidade de interiorização autônoma dos indígenas, o que tende a elevar o grau de vulnerabilidade social.
A situação dos venezuelanos no Brasil recebeu status de alerta total, tanto que a governadora de Roraima, Suely Campos (PP), decretou, em dezembro, situação de emergência na saúde de Boa Vista e Pacaraima, cidade na fronteira com a Venezuela.
Para Gustavo Simões, doutor e professor de Relações Internacionais na Universidade Federal de Roraima, a tendência hoje é de aumento na entrada de venezuelanos no Brasil. “A questão da Venezuela é delicada e boa parte da explosão migratória é resultado do colapso do regime de Nicolás Maduro, além da questão que envolve o abastecimento de alimentos no país”, afirma.