O jornal pró-democracia Apple Daily, sediado em Hong Kong, anunciou nesta quarta-feira (23) que deixará de atualizar seu site de notícias à meia-noite do próximo sábado (26). A última edição impressa será publicada nesta quinta-feira (24).
Conforme noticiado pelo Conexão Política, editores e executivos do veículo foram presos pelas autoridades na semana passada e acusados de “conluio com forças estrangeiras”.
Em nota, a polícia afirmou que “a operação, ainda em andamento, visa reunir evidências para um caso de suspeita de violação da segurança nacional”.
Vale lembrar que Hong Kong aprovou, em junho de 2020, a nova lei de segurança nacional, que já levou a centenas de prisões e ao envio de tropas de choque para reprimirem os que lutam para manter a independência e os direitos fundamentais dos cidadãos, como a liberdade de expressão.
O próprio Apple Daily apoiou abertamente os protestos contra o Partido Comunista Chinês (PCC), em 2019, além de publicar matérias que alertavam para o perigo da lei que hoje vigora na região.
Na época em que foi aprovada a legislação, o então secretário de Estado americano, Mike Pompeo, criticou o governo chinês por transformar a ilha, uma vez livre, em outro território governado pela extrema esquerda.
“Hong Kong livre era uma das cidades mais estáveis, prósperas e dinâmicas do mundo. […] Agora, será apenas mais uma cidade governada por comunistas, onde seu povo estará sujeito aos caprichos da elite do partido. É triste”, declarou, na ocasião.
De acordo com a Next Midia, a decisão de encerrar as atividades do periódico foi tomada “com base na segurança dos funcionários”. A direção do jornal agradeceu aos leitores em nota oficial.
“O Apple Daily agradece a todos os leitores, assinantes, anunciantes e pessoas de Hong Kong por seu amor e apoio nos últimos 26 anos. Aqui nos despedimos, povo de Hong Kong, cuidem-se”, diz o comunicado.