A Secretaria de Comunicação da Presidência da República divulgou nota em que considera “lamentável” a imagem do presidente Lula (PT) que estampou a capa do jornal impresso da Folha de S. Paulo nesta quinta-feira (19).
Na fotografia, Lula aparece atrás de uma vidraça trincada do Palácio do Planalto.
A imagem é da fotojornalista Gabriela Biló. “Lula e vidros quebrados do Palácio do Planalto. Foto feita com técnica de múltipla exposição”, explicou. Para a profissional, “a foto significa que a vida continua em Brasília”.
— O trinco do vidro e o presidente estavam a mais ou menos uns 30 metros de distância. Eu apontei a câmera pros trincos e apontei a câmera pro presidente e esperei um gestual que eu achasse que fosse interessante. Ele deu esse sorriso tímido e ajeitou a gravata. Pra mim significava ‘a vida continua — explicou a fotógrafa.
Apesar disso, os integrantes Secom não gostaram nem um pouco do ocorrido, alegando ser “lamentável que o jornal Folha de S.Paulo tenha produzido e veiculado uma imagem não jornalística sugerindo violência contra o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no contexto dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro”.
Ainda conforme a comunicação do governo esquerdista, trata-se “de uma montagem, por não retratar nenhum momento que tenha acontecido”.
Depois da repercussão da foto, Biló fez uma postagem no Instagram afirmando que “respeita o incômodo de vocês”.
O posicionamento da Secom foi alvo de rechaça na internet. O advogado Andre Marsiglia tratou a nota como “pura desinformação“.
— A imagem ilustra notícia sobre violência, óbvio que é jornalística e que não incita nada. Essa visão distorcida mostra bem o risco de darmos carta branca ao governo para combater o que não lhe for conveniente em nome, supostamente, da democracia — afirmou Marsiglia no Twitter.
O jornalista, do Metrópoles, também repudiou o comportamento do órgão.
— Essa nota é um absurdo. A Secom acusa falsamente uma jornalista e um veículo de estimularem a violência. Não cabe ao Planalto dizer o que é ou não jornalismo. Vamos esperar as manifestações de repúdio das entidades de classe — escreveu.
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