A manhã desta sexta-feira (1º) foi de grande emoção em Campo Grande (MS) durante a formatura de despedida dos militares do Comando Militar do Oeste (CMO) que viajarão para a região Norte do país a fim de participar da Operação Acolhida.
Cerca de 148 homens e mulheres se despediram de seus familiares para integrar o 14º contingente da missão, que tem como principal objetivo recepcionar os refugiados venezuelanos que fogem do regime ditatorial de Nicolás Maduro e vêm ao território brasileiro.
No evento, o general Anisio David de Oliveira Júnior, comandante do CMO, reconheceu que a partida deixará saudade para os familiares, mas lembrou que todos devem se orgulhar pelo fato de eles terem sido designados para esse importante ofício.
“Estaremos trabalhando com diversas nacionalidades e passaremos uma mensagem de que o povo brasileiro é capaz de recepcionar muito bem os seus amigos venezuelanos”, declarou o general.
Ao todo, o 14º contingente da Operação Acolhida será formado por 501 militares do CMO e do Comando Militar do Sudeste (CMSE). Durante pouco mais de 5 meses, eles executarão ordenamento da fronteira, acolhimento, interiorização, segurança dos acampamentos, inteligência, logística e comunicação, em bases localizadas em Boa Vista (RR), Pacaraima (RR) e Manaus (AM).
Em clima de emoção, o que se via na capital sul-mato-grossense era uma mistura de orgulho com saudade antecipada. Apesar de o coração estar ‘apertado’, os familiares reconheceram a importância da viagem.
“É claro que toda a família sentirá saudade, e essa experiência mexerá conosco, mas sei o quanto a missão é importante e tenho certeza que o meu irmão é a melhor pessoa que conheço para estar neste desafio”, afirmou Gladis Rocha, irmã do 1º sargento Zaqueu Rocha, que foi designado para estar na principal região de fronteira, em Pacaraima (RR).
Operação Acolhida
Com a ascensão do modelo socialista na Venezuela e a crise econômica generalizada, o Brasil teve que pensar em uma estratégia para responder ao grande fluxo migratório de pessoas que fugiam de lá. Foi quando surgiu a Operação Acolhida, em 2018.
A força-tarefa desenvolveu um sistema para receber, orientar, acolher e interiorizar esses venezuelanos. O governo federal flexibilizou regras para autorizar rapidamente os pedidos de residência e refúgio.
Com isso, foi montado um plano para interiorizar esses refugiados a fim de aliviar as cidades que são a primeira parada desses imigrantes. Muitos aguardam a oportunidade de reencontrar a família ou amigos que vieram antes.
O Cadastro de Pessoa Física (CPF) e o cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) são alguns dos documentos que os venezuelanos conseguem assim que chegam em solo brasileiro. Também são cadastrados para conseguir emprego.
De acordo com a União, mais de 800 municípios já receberam venezuelanos desde 2018. Paraná (12.678), Santa Catarina (12.195) e Rio Grande do Sul (10.593) foram os principais destinos.
“Nós procuramos conciliar as oportunidades de oferta de emprego do mercado brasileiro à capacitação do venezuelano”, contou o tenente-coronel Magno Lopes, chefe do Centro de Coordenação para Interiorização (CCI).