Foi publicada na madrugada desta quinta-feira (10), no Diário Oficial da União (DOU), a exoneração de Marcelo Álvaro Antônio do cargo de ministro do Turismo.
No mesmo ato, foi oficializada a nomeação de Gilson Machado, que ocupará o posto a partir de agora.
Em publicação nas redes sociais, Álvaro Antônio agradeceu ao chefe do Executivo.
“Encerro hoje a minha passagem pelo Ministério do Turismo e a única coisa que posso dizer é MUITO OBRIGADO. Agradecer primeiramente a Deus; ao meu amigo e irmão, presidente Jair Bolsonaro, pela oportunidade de integrar o melhor governo da história do Brasil, servidores, ministros”, escreveu.
“Por fim, reitero meu compromisso de seguir trabalhando com ética, respeito e lealdade ao presidente Jair Bolsonaro e ao meu amado Brasil!”, finalizou.
O turismo será fundamental para a nossa recuperação econômica! Deixamos tudo pronto pra uma retomada segura para o setor e para os turistas. Por fim, reafirmo meu compromisso de seguir trabalhando com ética, respeito e lealdade ao presidente @jairbolsonaro e ao meu amado Brasil!
— Marcelo Álvaro Antônio (@Marceloalvaroan) December 10, 2020
Deputado federal mais votado por Minas Gerais em 2018, com 230.008 votos, o agora ex-ministro deve voltar à Câmara dos Deputados.
Na noite desta última quarta-feira (10), durante confraternização com servidores do ministério, ele disse que deixa o cargo ‘de cabeça erguida’.
“Eu espero que todos vocês [servidores] fiquem no Ministério do Turismo. Mas eu não estou saindo por incompetência, não estou saindo por escândalo. Eu só estou saindo porque eu tive uma certa divergência com um ministro e me excedi em algum momento também na minha fala, reconheço, mas eu saio de cabeça erguida”, declarou.
OS BASTIDORES DA SAÍDA
Conforme adiantado pelo Conexão Política, o motivo da demissão de Álvaro Antônio diz respeito a uma discussão em um grupo de WhatsApp que envolve o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.
O ex-ministro teria dito que o chefe da Segov estaria “entregando tudo” ao centrão, inclusive o próprio MTur, com o objetivo de negociar apoio na eleição para a Presidência da Câmara.
Na mensagem, Álvaro Antônio teria chamado Ramos de “traíra” e dito que o general esconde de Bolsonaro o “altíssimo preço” que o governo tem pago por “aprovações insignificantes” no Congresso Nacional.
ENTENDA O IMBRÓGLIO
O ex-ministro do Turismo fazia parte do grupo de civis e fiscalistas do governo, todos alinhados ao ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em comum, eles defendem a preservação do teto de gastos, as reformas estruturantes e o ajuste fiscal, conforme preconiza o ideal liberal.
Somado a Guedes, o grupo é representado principalmente pelos ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente, Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central [cargo que possui status de ministro], além de Filipe Martins, chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais da Presidência.
A queda de Marcelo Álvaro Antônio representa uma vitória dos militares e desenvolvimentistas, que são os generais com cargo no Executivo, apontados como autores das articulações com o centrão, representados principalmente nas figuras de Walter Braga Netto, da Casa Civil, o próprio Luiz Ramos, da Secretaria de Governo, e Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional.
Em comum, eles defendem a indução da atividade econômica pelo Estado e aumento dos investimentos públicos, principalmente em obras.