O governo federal está sendo pressionado após a recente declaração da ministra Damares Alves, que comanda a pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Na manhã desta segunda-feira (14), durante participação no programa Opinião No Ar, da RedeTV!, Damares disse acreditar que o presidente Jair Bolsonaro deve sancionar o polêmico ‘passaporte de vacinação’.
“Eu ainda não sei a posição do governo, mas eu acredito que não vai ser vetado”, explicou.
No entanto, segundo ela, há uma unanimidade que aponta para que o país seja submetido a um amplo plano de vacinação.
“A gente está diante de um vírus, e é unânime que vírus é [resolvido com] vacina. Tá unânime que, para se combater um vírus, tem que ser vacina”, acrescentou.
Na última quinta-feira (10), conforme registrou o Conexão Política, o Senado aprovou, por 72 votos a 0, projeto que cria um certificado sanitário para autorizar que pessoas vacinadas ou testadas possam entrar em espaços públicos e privados.
O objetivo, de acordo com o texto, é disponibilizar à União, aos Estados e aos Municípios “informações adequadas para a administração e o balanceamento das medidas profiláticas restritivas de locomoção, ou de acesso de pessoas a serviços ou locais, públicos ou privados”.
A proposta já seguiu para análise da Câmara dos Deputados.
Repercussão
A declaração da ministra gerou incômodo no núcleo central do governo. Nas redes sociais, o tema tem gerado uma série de debates sobre a possibilidade de violação das liberdades individuais.
Apesar de o presidente Bolsonaro já ter dito que não haverá defesa do governo federal em torno da obrigatoriedade da vacina, há um temor de que o ‘passaporte sanitário’ exerça, na prática, um controle do Estado sobre a vida do cidadão.
Além de Damares, outros nomes da base governista também sinalizam favoravelmente ao aval pelo chefe do Executivo, como o ministro do Turismo, Gilson Machado. Nos bastidores, o que foi dito pela ministra não é tratado como uma fala isolada.
Diante do grande impacto político e eleitoral, o Conexão Política sondou algumas publicações sobre o tema.
O empresário Ian Maldonado, do segmento audiovisual, disse que a liberdade é o pilar central da democracia.
“Se Bolsonaro não vetar essa alucinação de Passaporte de Imunização, não abro mais a boca para defender nada vindo do governo. Gilson Machado, Queiroga e Damares já deram a letra de que será sancionado. Sem liberdade não nos resta nada e nada mais importa”, escreveu.
O ativista Alan Lopes, um dos principais nomes entre os movimentos conservadores no Rio de Janeiro, também comentou sobre o eventual ‘sinal verde’ por parte do Executivo federal.
“Damares acaba de falar ao vivo no programa opinião no ar, com Lacombe, que acredita que o governo não vai derrubar o passaporte sanitário. Meu Deus”, lamentou.
O Conexão Política entrou em contato com o Palácio do Planalto para solicitar esclarecimentos formais, mas ainda aguardava resposta até o fechamento desta matéria.