Encarregado de aproximar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dos evangélicos, o advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que as lideranças cristãs estão abertas ao diálogo com o governo federal. Messias, que frequenta a Igreja Batista, destacou que a maioria dos evangélicos está disposta a dialogar com o petista.
“A grande maioria [dos evangélicos] quer dialogar. É preciso conversar com os que querem conversar. Aprendi na Bíblia: paz entre os homens de boa vontade”, declarou Messias, que frequenta a Igreja Batista. Segundo ele, “é preciso reduzir o ruído para entender o outro lado”.
A intenção de Lula, na realidade, é atrair eleitores que atualmente pertencem à base do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Embora alguns grupos evangélicos na política vejam de maneira positiva a iniciativa de Lula, a maioria considera as propagandas do Palácio do Planalto, destinadas a atrair evangélicos, como caricatas e incapazes de comover o grupo religioso.
Em dezembro, o governo lançou a campanha “O Brasil é Um Só Povo”, apresentando comerciais nos quais atores celebram as iniciativas governamentais com expressões típicas do público evangélico, como “Ô, Glória”, “Graças a Deus” e “Graças alcançadas, Senhor”. Outra tentativa de aproximação foi percebida durante uma viagem do presidente ao Espírito Santo, onde Lula dirigiu palavras diretamente aos evangélicos, afirmando que, “se tem um cara nesse país que acredita em Deus, é esse que está vos falando aqui”.
O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), segundo vice-presidente da Câmara e uma das lideranças da bancada evangélica, expressou ceticismo em relação à capacidade de Lula convencer os evangélicos. Ele considerou a abordagem do governo como satírica e inadequada. Por outro lado, o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), ex-presidente da Frente Parlamentar Evangélica, elogiou a iniciativa do presidente Lula e a articulação do ministro Jorge Messias, apesar de já ter ocupado o cargo de vice-líder de Bolsonaro no Congresso.