Circula nas redes sociais uma série de publicações afirmando que o Portal da Transparência, que reúne dados sobre as despesas do governo federal, foi retirado do ar.
O conteúdo enganoso reunia ao menos 10 mil compartilhamentos e 50 mil curtidas no Twitter até a tarde desta quarta-feira (27).
De maneira geral, os posts com a desinformação utilizam as seguintes expressões: ‘retirado’, tirar’, tiraram’ – todas elas apontam para uma ação supostamente premeditada por parte da administração brasileira.
“O canalha que nos governa tirou o Portal da Transparência do ar! Isto jamais aconteceu na história Brasileira! Pegamos o rabo da ratazana. Alô Ministério Público, vai ficar por isso mesmo?”, escreveu o ex-governador do Ceará e candidato derrotado ao Planalto em 2018, Ciro Gomes (PDT).
O canalha que nos governa tirou o Portal da Transparência do ar! Isto jamais aconteceu na história Brasileira! Pegamos o rabo da ratazana. Alô Ministério Público, vai ficar por isso mesmo?
— Ciro Gomes (@cirogomes) January 27, 2021
“No mesmo dia que os escandalosos gastos com alimentos feitos pelo governo Bolsonaro veio à tona, o Portal da Transparência é retirado do ar. Censura!”, registrou o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ).
Além das publicações acima, diversas autoridades e personalidades seguiram o mesmo tom, a exemplo do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) e do cantor Marcelo D2.
Lembrando aos senhores assessores do Presidente da República que tirar o portal da transparência do ar é ilegal. Art. 48 da lei complementar 101 de 2000, com redação dada pela LC 131 de 2009.
— Kim Kataguiri (@KimKataguiri) January 27, 2021
Então quer dizer que tiraram o portal de transparência do ar?
Vão falar que foi o hacker e vai ter gente defendendo
Bom dia meu povo
— Marcelo D2 (@Marcelodedois) January 27, 2021
O conteúdo foi analisado pela equipe do Conexão Política.
Conforme apuramos, a plataforma apresentou instabilidade após uma enxurrada de buscas. Diferentemente daquilo que tem sido propagado nas redes, o sistema não foi propositalmente retirado do ar após a repercussão envolvendo a ‘fake news’ que Jair Bolsonaro teria comprado R$ 15 milhões em leite condensado. Esse conteúdo, inclusive, já foi desmentido pela nossa equipe de fact-checking.
A difusão coordenada de desinformações gerou lentidão e instabilidade, segundo informou a Controladora-Geral da União (CGU).
“A Controladoria-Geral da União (CGU) esclarece que o portal da transparência do governo federal recebeu um volume de acessos muito grande, e fora do habitual, na tarde desta terça-feira, dia 26/1, o que gerou uma lentidão expressiva nas consultas feitas pelos usuários”, disse a CGU em nota oficial.
Já cientes do problema, os técnicos do órgão iniciaram os trabalhos para solucionar a instabilidade da página, normalizando o acesso integral aos conteúdos hospedados, sem nenhuma interferência ou modificação nas informações ali divulgadas.
“No início da noite, os acessos continuaram bastante elevados, o que aparentemente acabou por acarretar a instabilidade e a consequente indisponibilidade de acesso ao portal. A área de Tecnologia da Informação da CGU identificou o comportamento instável e a sobrecarga pela qual o portal está passando e está apurando detalhes da ocorrência”, acrescentou o comunicado da CGU.
Portanto, é FALSA a afirmação de que, de maneira proposital, o Portal da Transparência foi removido do ar.