O cumprimento da promessa eleitoral de “mais Brasil, menos Brasília” vai impor desafios à articulação política do governo federal em 2021. Passados 24 meses desde a posse, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, passaram o último ano insatisfeitos com o ‘travamento’ na agenda de privatizações.
Segundo apurou o Conexão Política, Guedes tem dito a aliados que a pauta ainda enfrenta uma ‘gigante oposição’, principalmente na esfera das privatizações. Devido ao surto da covid-19 no país, o governo precisou mudar a rota para atender as necessidades urgentes na saúde, na economia e na sociedade — comprometendo toda a plataforma de governo que visava reformas estruturais e a execução do processo de reforma tributária.
Apesar disso, Guedes e a equipe econômica vão embraçar a ‘agenda turbo’ neste ano de 2021.
Ciente das dificuldades, a aposta governista é trabalhar com um plano estratégico e articulado, de tal maneira que a crise sanitária não atrapalhe o crescimento da atividade econômica. A linha de frente é garantir ciclo de juros baixos, democratização do crédito e expansão dos financiamentos para os microempresários.
O governo seguirá como defensor da manutenção do teto de gastos, da Lei de Responsabilidade Fiscal e do andamento das reformas estruturais. O Conexão Política também apurou que Paulo Guedes não descarta a possibilidade de reduzir ‘escala choque’ nas tarifas de importação.
O ponto de partida
Após a inclusão de mais 58 ativos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), o governo federal trabalha com a estimativa de leiloar nove estatais e 115 ativos de infraestrutura, com a eminencia de despertar R$ 367 bilhões em investimentos privados, apenas neste ano de 2021.
O cronograma do PPI prevê a desestatização dos Correios, da Eletrobras, da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), da Trensurb, da Emgea, da Ceasaminas, da Codesa e do Nuclep, além de avanços na liquidação da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores de Garantias (ABGF).
Ainda neste ano, estão previstos os leilões do 5G e de 24 aeroportos, como os de Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP).
Há um arremesso também para entregar à iniciativa privada 16 terminais portuários, seis rodovias, três ferrovias, oito terminais pesqueiros, seis parques e florestas, três blocos de óleo de gás, três áreas de mineração e 24 planos subnacionais de saneamento, iluminação pública e resíduos sólidos.
Apesar dos obstáculos, interlocutores ouvidos pelo Conexão Política garantem que o governo está preparado para recuperar a economia em 2021.