Em entrevista exclusiva ao Conexão Política, a ativista conservadora e artista Landon Starbuck fala sobre seu importante trabalho na linha de frente do combate ao tráfico humano.
Landon nasceu em Dallas, no Texas. Aos 5 anos de idade, seus pais se divorciaram e ela foi criada apenas por sua mãe. Ela cresceu trabalhando como modelo e atuando em comerciais. Aos 16 anos, foi diagnosticada com câncer de ovário.
“Eu venci e, embora ainda estivesse me recuperando, consegui um papel de protagonista em uma filmagem em Dallas que acabou ganhando prêmios em vários festivais de cinema. Eu queria ser musicista mais do que atuar, mas vi atuar como uma forma de fazer minha música ser ouvida e fui capaz de criar música para a trilha sonora do filme”, declarou.
Ao completar 18 anos de idade, Landon fez as malas e se mudou para Hollywood, mesmo sem conhecer ninguém. Depois de tocar em muitos clubes, finalmente conseguiu um contrato com uma gravadora. Alguns anos depois, teve seu primeiro single de rádio na Billboard, uma revista semanal americana considerada a principal parada musical.
“Eu estava nas principais estações de rádio e viajando pelo país tocando em shows. Acabei conhecendo o amor da minha vida, um jovem e novo diretor, Robby Starbuck, o diretor do meu videoclipe. Nós dois sentimos uma forte atração, apesar de nos conhecermos há pouco tempo. Sabíamos que queríamos passar nossa vida juntos e meses depois, nos casamos”, contou.
Devido ao câncer e às cirurgias, Landon então recebeu a notícia de que seria muito difícil ela ter filhos e que precisaria da ajuda de especialistas quando decidisse começar uma família.
“Mas Deus tinha outros planos para nós, porque não apenas engravidei naturalmente de minha filha, como também tive outros dois bebês milagrosos. Tivemos nossos 3 filhos na Califórnia, mas decidimos nos mudar para o Tennessee quando o clima político se tornou intolerante para os conservadores”, revelou. “E nossos próprios filhos estavam enfrentando bullying na escola, [situações] que as escolas não conseguiam resolver”, acrescentou.
Landon contou que os resultados das políticas democratas fracassadas estavam começando a afetar a vida cotidiana dos californianos, como aumento da criminalidade, falta de moradia galopante e a praia favorita da família Starbuck tinha sido ocupada por viciados em drogas e seringas na areia.
“A Califórnia que conhecíamos um dia não existia mais. Parecia que ninguém ao nosso redor estava interessado em consertar os problemas. E muitos de nossos ‘amigos’ passaram a nos rejeitar e a nossos filhos porque não era socialmente aceitável ser amigo de uma família conservadora cubano-americana, que votou em Trump”, disse Landon.
A família Starbuck decidiu então se mudar para o Tennessee, um estado voltado para a família e a fé, também conhecido como ‘O Estado de Voluntários’, por causa da generosidade de seus habitantes.
“Sentimo-nos em casa aqui porque as pessoas são amáveis, tolerantes, patrióticas e hospitaleiras”, garante.
Seu esposo, o republicano Robby Starbuck, está concorrendo em 2022 para representar o estado do Tennessee no Congresso americano.
Ele foi o primeiro a anunciar uma campanha eleitoral para o pleito de 2022, apenas dois dias após a data da eleição. Em uma entrevista ao The Tennessee Star, Starbuck explicou que está concorrendo para defender as famílias em todas as políticas, preservar as liberdades individuais e melhorar o sistema educacional daquela região.
Valores conservadores
Landon não se lembra de ouvir falar muito sobre política quando ela era criança ou de ser ensinada sobre “valores conservadores”, mas às vezes seu pai a levava à igreja.
“Eu adorava os hinos e, embora não fôssemos regularmente, isso plantou sementes em mim. Ser conservador tem a ver com valores. Ao descobrir quem eu era e refinar o caráter da mulher, esposa e mãe que queria ser, percebi que era uma mulher conservadora. Tenho orgulho de meus valores e nunca vou me desculpar ou esconder quem sou ou em que acredito. Conservadorismo para mim é liberdade, poder das pessoas sobre o governo, fortes valores familiares e proteção de nossa liberdade religiosa”, assegura.
“Meus valores vêm da minha fé. Eles me inspiram em todos os aspectos da vida. Estou criando filhos guerreiros espirituais que não terão medo do mundo ou medo de defender a verdade e os fortes princípios morais”, frisou.
Combate à exploração sexual e ao tráfico humano
A artista Landon deixou Hollywood porque não conseguia mais ficar calada sobre a crescente exploração sexual sistêmica que alimenta e lucra com a indústria do entretenimento.
“Há tantas crianças que são abusadas e exploradas sexualmente. A maioria de nossas maiores estrelas pop é o reflexo mais óbvio disso, mas infelizmente a mídia se recusa a responsabilizar a indústria do entretenimento ou a defender uma mudança. A indústria encobre alegações, protege os pedófilos e entrega-lhes prêmios e novos milhões de dólares em contratos de estúdio”, conta a ativista.
“Existe um sistema de troca sexual em curso, do qual me recusei a participar, e que prejudicou minha carreira imensamente. Sou muito resistente e ainda encontro maneiras de romper, mas porque me recusei a comprometer meus valores e porque não estava com vontade de tirar a roupa, perdi muitas oportunidades. Parecia errado até mesmo fazer parte de uma empresa que opera assim, então tomei a decisão de sair”, explicou.
“Agora sou uma artista totalmente independente e uso minha música – que escrevo, executo e produzo – para chamar a atenção para a epidemia de exploração sexual e tráfico sexual. Nunca me esqueci das crianças que foram exploradas e continuam a ser exploradas no sistema de entretenimento, mas estou lutando do lado de fora, onde tenho liberdade para usar minha voz no palco e fora dele”, relatou.
Os esforços de Landon no combate ao tráfico humano concentram-se principalmente no tráfico sexual e no tráfico de crianças.
“Falo nacionalmente e informo pessoas sobre como ser ativista eficaz no nível da sua comunidade. Estou focada em parar a demanda por exploração sexual que envolve mudança de cultura, responsabilidade corporativa e sistêmica e ativismo político”, declarou.
Landon é embaixadora da EXITUS, uma organização anti-tráfico voltada para assistência de sobreviventes desse terrível crime. A ativista também atua no conselho da Lynn’s Warriors, outra organização anti-tráfico e exploração sexual que se concentra na mídia e na mobilização popular, conscientização, educação e política.
“Eu uso mídia e criatividade para enviar mensagens às pessoas de maneira eficaz. Dirijo as pessoas para várias campanhas para responsabilizar a Big Tech e a indústria pornográfica por meio de minhas parcerias com o Centro Nacional Sobre Exploração Sexual Infantil. São um dos melhores recursos para o combate à exploração sexual e também contam com uma divisão internacional […] Eu estarei falando e me apresentando em seu encontro online este ano. Mais importante ainda, sou uma defensora dos sobreviventes em nível individual. Muitos me procuram pedindo ajuda, recursos e apoio, e é uma honra que eles confiem em mim para ajudar”, declarou.
Talentos como instrumento
Dotada de dons artísticos, Landon compreendeu que eles lhe foram concedidos com um propósito maior, de resgatar vidas.
A ativista doa 100% de sua renda para as organizações que ela apoia e trabalha.
“A música é uma força poderosa para a mudança. Ela tem a capacidade de se conectar emocionalmente com as pessoas, o que as tornam mais receptivas a receber informações, como sobre o tráfico humano”, conta. “É um assunto difícil para as pessoas falarem, então a música é um ótimo meio para despertar a atenção e a conversa. É uma ótima sensação fazer música que pode transformar vidas, não apenas entreter”, explicou.
“Eu escrevo, toco, programo, produzo e executo todas as minhas músicas. Não tenho ninguém me dizendo o que posso dizer, cantar, escrever, tuitar, vestir ou fazer. Não sou fantoche de ninguém, não sou paga para repetir a ideologia, narrativa, política ou agenda de ninguém. Eu sou uma artista livre e uma mulher livre. Foi a minha liberdade que me inspirou a fazer a melhor música que já fiz”, completa.
Impacto é inspiração
Além de sua própria liberdade inspirá-la em seu trabalho de combate ao tráfico, ela também encontrou inspiração ao constatar que existem milhões de vozes que nunca serão ouvidas e crianças inocentes machucadas.
“Essas [vozes e crianças] foram o que transformaram a trajetória da minha vida. Eu conheço sobreviventes que foram traficadas quando crianças e suas histórias são horríveis. Um dos casos que me vem à mente é a história de uma sobrevivente do tráfico de crianças que pediu ajuda e o sistema falhou com ela a cada passo. Os sinais estavam lá na escola – ela tinha olheiras, estava sempre cansada e desligada das atividades, desnutrida e por anos ninguém relatou seu abuso. Talvez as pessoas não estivessem informadas e não soubessem que sinais procurar ou como denunciar, por isso a educação sobre este assunto é tão importante. A menina foi abusada pelos meninos na escola e foi condenada ao ostracismo e chamada de ‘prostituta’ pelas meninas. A vergonha agravou sua infância já traumática e ela passou a sentir que seu único valor era sua capacidade de servir sexualmente aos homens. Ela acabou trabalhando no comércio do sexo por anos, escapando e voltando sem recursos reais para ajudá-la a sobreviver, muito menos se recuperar de um trauma”, compartilhou.
“A história dela me ensinou que existem muitos pontos de intersecções e de acesso que temos às vítimas desses crimes horríveis e devemos aprender quais são e como repará-los para que mais vítimas tenham não apenas uma saída, mas uma maneira de recuperar e reconstruir suas vidas”, declarou.
Landon contou que há muitas outras histórias de vítimas que lhe impactaram. As crianças vítimas de abuso sexual, exploração e tráfico são as que ela mais deseja proteger e cujas histórias ela guarda em seu coração.
“Eu tenho meus próprios 3 filhos. E sabendo o que sei sobre as trevas neste mundo, isso afeta a maneira como vejo meus filhos. Percebo o quanto sou grata por poder mantê-los seguros e protegidos. Milhões de crianças não estão protegidas. Em muitos casos, os adultos que elas conhecem e nos quais confiam para protegê-las são aqueles que as abusam e exploram. Uma sobrevivente do tráfico de crianças me procurou para obter recursos. Depois de meses em comunicação, consegui encaminhá-la com segurança para um lar seguro no estado em que ela morava. Ainda a ajudo sendo sua mentora e é incrível testemunhar sua resiliência”, contou.
Fonte para o combate
Landon disse que por causa da inércia de muitos diante dessa batalha de tão grande proporção, ela aprendeu a buscar forças no lugar certo para perseverar.
“Estava passando por um período de profunda raiva pela injustiça neste mundo. Às vezes, o mal pode parecer intransponível e parece que as pessoas estão muito distraídas e insensíveis a esse problema. Quando tenho momentos de dúvida sobre meu propósito, procuro consolo em Deus. A palavra ‘liberdade’ está sempre em meu coração e ressoa em minha mente na oração. É uma palavra de conforto para mim porque minha liberdade vem de Deus, não do mundo nem do governo […] Não é uma ideologia, é um presente de Deus. Mas sei que devemos lutar para protegê-la. Ser livre é o que me permite lutar por aqueles que não o são.”
Um dia, ao orar, Landon se deparou com um texto bíblico que a encorajou e que ela mantém em sua mente todos os dias nessa batalha:
“Toda a criação anseia pela liberdade de sua escravidão para a decadência e para experimentar conosco a maravilhosa liberdade que vem aos filhos de Deus.” — Romanos 8:21
Tráfico humano no mundo
Segundo Landon, o tráfico de pessoas é uma indústria criminosa de rápido crescimento no mundo. No ranking de crimes, as estatísticas dessa perversidade são conhecidas como a “figura oculta do crime”, porque cerca de 2% das vítimas de tráfico são identificadas e, com a disponibilidade limitada de relatórios abrangentes e atualizados disponíveis, é quase impossível entender o escopo e escala total do problema.
“Parece haver acordo entre várias agências governamentais e organizações anti-tráfico líderes de que o tráfico humano é a empresa criminosa que mais cresce no mundo”, dispara.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (ILO), existem 40,3 milhões de vítimas presas na escravidão moderna. Estima-se que 24,9 milhões são exploradas para o trabalho e 15,4 milhões para casamentos forçados. 71% das vítimas de tráfico em todo o mundo são mulheres e meninas e 29% são homens e meninos. 30,2 milhões de vítimas (75%) têm 18 anos ou mais, com o número de crianças menores de 18 anos estimado em 10,1 milhões (25%). 37% das vítimas de tráfico em casamento forçado são crianças. 21% das vítimas de exploração sexual são crianças. No mundo, 1 em cada 4 vítimas da escravidão moderna são crianças.
A ILO, um braço das Nações Unidas, estimou que os lucros associados ao tráfico de pessoas atingiram cerca de US $ 150 bilhões em 2014. Desses, cerca de US $ 99 bilhões estavam vinculados à exploração sexual.
Tráfico humano nos EUA
A maioria das vítimas do tráfico humanos nos EUA são do México, da América Central e de países da América do Sul, de acordo com Landon.
“Em busca de uma vida melhor, muitos migrantes são explorados ao longo do caminho”, disse a ativista. “Estima-se que cerca de 60% de todas as mulheres imigrantes ilegais enfrentem algum tipo de violência sexual ao cruzar a fronteira.”
“Nossas fronteiras ao sul são a maior porta de entrada para o tráfico de pessoas devido à sua porosidade”, acrescenta.
Em 2018, o Human Trafficking Institute relatou que mais da metade (51,6%) dos casos criminosos ativos de tráfico humano nos Estados Unidos foram casos de tráfico sexual envolvendo apenas crianças.
“As vítimas vêm sozinhas, em grupos ou por meio de ‘coiotes’ ou traficantes. Atualmente, devido à crise da fronteira de Biden, milhares de crianças estão sendo levadas de avião e ônibus para cidades nos Estados Unidos após deixarem as instalações de detenção temporária. Muitas dessas crianças acabarão no falido sistema de bem-estar infantil aqui, enquanto muitas ficarão em casas de grupos e outros programas terceirizados. O governo Biden vai mentir e dizer que faz todos os esforços para reunir essas crianças com sua família, mas eles estão mandando poucas crianças de volta para suas famílias em seu país de origem e estão realizando menos protocolos como testes de DNA para verificar se alguém é realmente um membro familiar e não uma vítima do tráfico”, destacou.
“Recentemente, agentes no oeste do Arizona descobriram que um brasileiro e uma menina de 8 anos não tinham parentesco, apesar de o adulto alegar ser seu pai, bem como uma adolescente e uma mulher adulta da Romênia que não eram mãe e filha”, observou Landon.
Segundo a ativista, mais de 52 mil pessoas cruzaram a fronteira sul dos EUA como parte de um grupo familiar em março, e não mais do que algumas dezenas de pessoas fizeram testes rápidos de DNA para verificar se o adulto e a criança eram parentes, com base nos números federais.
Landon alerta que fronteiras abertas significa que muitas pessoas e crianças serão traficadas e que nunca saberemos seus nomes e rostos.
“Como podemos ajudar a encontrar alguém que não sabemos que está faltando? A má política de imigração fomenta o tráfico humano e abastece mais pessoas vulneráveis que não podem ser registradas. Elas essencialmente são apagadas. Elas não existem mais para incluí-las em uma estatística. Este governo atual fez mais para capacitar os traficantes de pessoas em seus negócios ilícitos do que qualquer presidente recente da história moderna”, criticou.
De acordo com Landon, o ex-presidente Donald Trump fez mais para acabar com o tráfico de crianças do que qualquer mandatário antes dele.
“O governo Trump alocou mais de 430 milhões de dólares em fundos para combater o tráfico, incluindo a capacitação do DHS [Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos] para estabelecer a primeira Força Tarefa interagências [resultando em invasões e operações de resgate colaborativas que salvaram muitas crianças e vítimas de tráfico] e a abertura do Centro Para Combater o Tráfico Humano. O presidente Trump priorizou a questão do tráfico humano e suas ações seguiram o exemplo. Seu governo fez mais para ajudar as vítimas de tráfico do que qualquer outro governo presidencial e a mídia não noticiou isso. É por isso que me senti obrigada a fazer uma lista dessas conquistas sem precedentes, porque as pessoas merecem saber a verdade e as vítimas merecem que essas conquistas sejam mantidas”, afirmou Landon.
“Eu sei pessoalmente de um dos lares seguros para mulheres mais antigos do país que recebeu financiamento sob administração do presidente Trump, mas esse financiamento tornou-se virtualmente inexistente sob este novo presidente, e não só isso, mas o lar está sendo forçado a aceitar homens biológicos como condição para receber um centavo dos fundos federais”, revelou.
Landon afirma que a retórica de fronteira aberta de Joe Biden incentivou imigrantes vulneráveis a fazer a perigosa jornada para os EUA ao prometer assistência médica e benefícios gratuitos.
“O resultado natural é que muitos acabam sendo explorados, estuprados e traficados em sua jornada. Incentivar migrantes ilegais a violar nossas leis para vir aqui durante os debates presidenciais não teve menos efeito do que colocar outdoors em outros países dizendo às pessoas para virem para a América, onde poderiam obter assistência médica e assistência gratuita do governo”, disse ela.
“Essas posições assumidas nos palcos nacionais pelos democratas serviram de base para a crise que estamos presenciando na fronteira. Então, você tem as mudanças na política que permitiram que as pessoas invadissem as fronteiras com recursos limitados para impedi-lo. Biden revogou a política de ‘permanência no México’ de Trump, que garantiu que milhões de dólares dos contribuintes americanos fossem para o financiamento de instalações de detenção. Após anos de democratas demonizando o ICE [Serviço de Imigração e Controle Alfandegário] com o movimento ‘abolir o ICE’, o ICE perdeu o poder com as novas políticas que permitem que os criminosos permaneçam na América, incluindo criminosos sexuais e violentos, com o retrocesso da Operação Talon. A Operação Talon garantiu que criminosos violentos, incluindo criminosos sexuais, fossem deportados imediatamente e agora o ICE, uma agência que por acaso é líder na luta contra o tráfico humano, tem pouquíssimas ferramentas e políticas para trabalhar para combater eficazmente o tráfico humano em escala”, afirma.
Segundo a ativista, está cada dia pior a crise na fronteira sul dos EUA, onde a Casa Branca passou a abrigar um número recorde (milhares) de crianças empilhadas como sardinhas e com muitos relatos de agressão sexual.
“Recentemente, foi revelado que mudanças foram feitas sobre os testes de DNA usados no governo Trump para garantir que as crianças pertenciam aos adultos que as reivindicavam e que não eram vítimas do tráfico. Agora, que o teste de DNA é usado com menos frequência, está claro que o combate ao tráfico não é uma prioridade para este governo, já que suas ações refletem isso claramente. E vítimas de tráfico e organizações de apoio a sobreviventes não estão recebendo o mesmo financiamento e apoio”, desabafa.
Estimulantes da exploração e do abuso sexual
Na opinião de Landon, o que impulsiona a demanda por exploração e abuso de mulheres e crianças é o desejo de explorar as pessoas por prazer e lucro.
“Explorar as pessoas em sua essência é algo mau. Mas foi uma cultura degenerada que permitiu que os comportamentos que impulsionam a demanda se tornassem normalizados e até mesmo celebrados. O conteúdo hipersexual nas mídias sociais, filmes, TV, publicidade, música e até mesmo no currículo de educação sexual de nossos filhos na escola tornou-se não apenas a norma, mas o resultado de valores e princípios morais erodidos que uma vez nos uniram e preservaram nossa força como nação”, relata.
“Nossa sociedade se tornou ‘pornificada’ e a pornografia é uma das maiores crises de saúde sobre a qual ninguém quer falar. Sites de pornografia, como o Pornhub, lucram com estupros, tráfico e até mesmo com o racismo galopante. A pornografia está ocupando os lares de famílias fortes e saudáveis e envenenando relacionamentos, destruindo famílias e nossos cérebros com efeitos comparáveis à devastação do vício em drogas”, acrescenta.
Segundo Landon, os valores da família foram pisoteados em tudo o que vemos e ouvimos através dos meios de comunicação até o surgimento de grupos como o Black Lives Matter (BLM), que prometeu destruir a Família Nuclear Ocidental.
“Um país, sociedade ou cultura é tão forte quanto suas famílias. Nossa cultura está destruída porque nossas famílias estão destruídas. Nossos filhos sofrem porque suas infâncias sofrem. Até que abordemos as causas básicas desses comportamentos tóxicos, não reduziremos a demanda por tráfico”, afirmou.
“Minha resposta sobre o que é necessário para combater o tráfico humano é bastante simples, embora o curso seja complicado. Pare a demanda. Se não houvesse demanda para comprar humanos, escravizar humanos e explorar humanos, então não haveria uma epidemia global de escravidão moderna com mais pessoas escravizadas hoje do que em qualquer tempo da história. No entanto, para atender à demanda, você deve abordar as vastas complexidades das vulnerabilidades em humanos, que variam de país para país e de cultura para cultura. Acredito fortemente na abordagem de ser a primeira a olhar para nós mesmos como indivíduos e a nos transformarmos de dentro para fora. Como estamos, como indivíduos, contribuindo para esse problema? Estamos informados? Estamos permitindo a exploração ou financiando-a sem perceber? Estamos votando em líderes que viram as costas para esta questão, cujas políticas não prejudicam a ajuda às vítimas de tráfico ou, pior ainda … ajudam a capacitar o tráfico humano?”, disse Landon.
“Devemos transformar nosso próprio pensamento e comportamento antes de tentar colocar um quadrado colorido em nossas redes sociais, como se isso fosse resolver o tráfico de pessoas. Então, ousamos olhar em nosso próprio quintal. Isso está acontecendo em todas as nossas comunidades. O que estamos fazendo em nossas comunidades para ajudar? Quais são os fatores que aumentam as vulnerabilidades em nossas comunidades? Que recursos estão disponíveis para as vítimas? Se todos nós nos envolvêssemos no que está acontecendo em nossas próprias cidades e parássemos de tentar dizer às outras pessoas como resolver seus problemas enquanto nosso quintal está pegando fogo, estaríamos todos cuidando de nossos próprios problemas. O tráfico na nossa vizinhança não é problema de outra pessoa. É nosso problema. Essa é uma das atitudes que precisa mudar para capacitar as pessoas a agirem em direção à mudança”, afirmou.
Traumas das vítimas
O trauma em vítimas do tráfico humano aparece de forma diferente em cada pessoa, de acordo com a ativista. Para muitas sobreviventes que ela ouviu, não foi o ataque ou o estupro em si que as deixou com traumas complexos contínuos, mas os sentimentos de ódio de si mesmo, a vergonha, o abandono e a inutilidade que experimentaram como resultado de serem exploradas e desumanizadas.
“Em vez de as pessoas estarem estendendo a mão, identificando-as e ajudando-as, as vítimas experimentam julgamento, vergonha e se sentem indignas de bondade, amor, cura e restauração. Você não pode simplesmente ‘resgatar’ alguém. Muitas nem mesmo sentem que estão sendo resgatadas porque não se veem como vítimas. Uma abordagem informada sobre o trauma é necessária para ajudar as pessoas com segurança e eficácia”, disse Landon.
Nos EUA, quando as vítimas são resgatadas, elas seguem protocolos diferentes dependendo da jurisdição, mas cada vítima deve passar por um processo de avaliação médica, explica Landon. Questões de saúde imediatas, incluindo abuso de drogas, devem ser tratadas primeiro. Se elas precisam passar por um processo de desintoxicação, isso acontece primeiro. Organizações sem fins lucrativos como a EXITUS, da qual Landon é embaixadora, colocará as vítimas em lares seguros, fornecerá cuidados de saúde, cuidados informados sobre traumas e as ajudará em sua jornada de recuperação.
“Em média, este é um processo de 2 anos, mas a recuperação é diferente para cada indivíduo de acordo com suas necessidades”, disse a ativista.
Na opinião de Landon, o que poderia abrir as portas para a liberdade e a cura de sobreviventes do tráfico humano são os recursos.
“As sobreviventes precisam de cuidados médicos, cuidados de saúde mental especializados, habitação segura, treinamento profissional, treinamento em habilidades para a vida, mentores e caminhos para identificar efetivamente as vítimas, alcançar as vítimas, vias de saída segura, treinamento de aplicação da lei e financiamento para seus recursos”.
Tráfico humano no Brasil
Questionada sobre o papel do Brasil nas rotas do tráfico humano, Landon disse que não está familiarizada o suficiente com as políticas e cultura do país para comentar especificamente, mas disse que os países que permitem que o tráfico de pessoas floresça, sem consequências adequadas para o crime, apenas aumentam a prevalência desses crimes.
“As normas sociais em torno da prostituição podem afetar como e se esses crimes são puníveis. Alguns países não reconhecem as crianças forçadas à prostituição como vítimas de tráfico sexual infantil. É por isso que a educação e a conscientização são importantes. Os recursos para as vítimas desses crimes são importantes. A falta de recursos para vias de saída seguras e recuperação permitem que o tráfico se expanda. Quanto mais vulnerabilidades houver nas pessoas devido a dificuldades econômicas, pobreza, guerra, prevalência do crime, aceitação cultural em torno da prostituição, maior será a probabilidade de as pessoas serem exploradas e se tornarem vítimas de traficantes”, explicou.
Landon afirma ter esperanças de que o presidente Jair Bolsonaro combata o tráfico humano como a epidemia global que é.
“Meu conselho seria o mesmo para os líderes de qualquer país: aumento das investigações e processos judiciais de traficantes, identificação de mais vítimas, aumento da cooperação entre agências para melhorar o compartilhamento de dados e criação de uma nova lista para tornar público o nome dos traficantes condenados. Os governos precisam parar de penalizar as vítimas do tráfico e, em vez disso, fornecer caminhos para sair deste meio e entrar em recuperação. Os governos precisam lidar com os fatores subjacentes que causam vulnerabilidades em seus povos. Eles precisam identificar proativamente e investigar vigorosamente os casos de tráfico sexual, incluindo turismo sexual infantil em países onde isso é predominante”, aconselha.
“Aumentar o financiamento para combater o tráfico, o número de escritórios de combate ao tráfico, principalmente em estados onde as vulnerabilidades são altas e o tráfico é predominante ou está aumentando. Processar e condenar funcionários cúmplices do tráfico com consequências mais severas. Melhorar os esforços de coordenação entre agências, federais e estaduais para combater o tráfico, incluindo o fornecimento de treinamento e recursos atualizados para a aplicação da lei; especialmente ao lidar com crimes na Internet em que os traficantes possuem tecnologia sofisticada. Emendar qualquer lei que criminalize crianças por serem traficadas ou exploradas. Além disso, criar penas mais duras para todo e qualquer crime sexual contra crianças”, acrescentou.
Um relatório das Nações Unidas de 2001 estimou que 500 mil meninos e meninas em todo o Brasil estão “na prostituição”, que também é o mesmo número estimado pelo Centro de Referência, Estudos e Ação para Crianças e Adolescentes (CECRIA). Em 2009, os Departamento de Estado dos EUA estimou esse número em 250 mil, e o Fórum Nacional para a Prevenção do Trabalho Infantil publicou uma estimativa de 500 mil em 2012.
Segundo a ‘Mães da Sé’, uma ONG em São Paulo, não há agências governamentais, ONGs ou instituições privadas no Brasil que tenham uma estimativa concreta do número de crianças traficadas. Esta falta de certeza é em parte devido à natureza desta população oculta, e em parte devido à falta generalizada de compreensão da definição de tráfico humano, práticas corruptas ligadas ao tráfico e falta de recursos.
Segundo a Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de Exploração sexual comercial-PESTRAF/CECRIA, de 2002, foram identificadas 241 rotas de tráfico humano (110 rotas internas e 131 rotas internacionais) dentro e fora do Brasil pela primeira vez. Internamente, brasileiras são traficadas de estados pobres do norte do Brasil para estados do centro e sul, particularmente em direção a Rio de Janeiro e São Paulo. As adolescentes constituem o maior grupo traficado ao longo dessas rotas internas, seguidas por mulheres. Internacionalmente, as brasileiras, incluindo crianças, são traficadas para a China, Espanha, Holanda, Portugal, Paraguai e Itália, entre outros.
Mensagem aos brasileiros
Landon disse que a questão do tráfico humano pode parecer muito opressora, porque é. Mas ela pede para que os brasileiros não ignorem apenas por ser algo tão trágico.
“As pessoas têm feito isso por muito tempo. Encontre uma maneira de colocar suas emoções de lado e manter os olhos fixos nas soluções. O ativismo eficaz é fortalecedor; para as vítimas presas no tráfico, para as pessoas em sua comunidade que desconhecem o assunto e para você como um indivíduo. É uma escolha verificar este problema ou levantar-se e dizer que não está tudo bem e que farei algo a respeito. Não é suficiente postar uma foto nas redes sociais em uma campanha anual de conscientização. Ações eficazes em nossas comunidades onde temos influência é o que é necessário para combater este problema”, afirma.
Se você gostaria de se juntar a Landon como um guerreiro da liberdade, fique conectado e receba atualizações sobre ativismo estratégico, inscrevendo-se em seu site MatriarchSongs.com
“Conheço o poder do ativismo eficaz quando as pessoas são despertadas para a verdade. Deus te abençoe”, conclui a ativista.
Assista ao clipe da música “HOPE” (ESPERANÇA), de Landon Starbuck (conhecida como Matriarch).
https://www.youtube.com/watch?v=di-3Wg1o5kI