Você já ouviu falar na ‘Espiral do Silêncio’? Trata-se de uma teoria da ciência política e da comunicação de massa proposta pela cientista política alemã Elisabeth Noelle-Neumann, em 1977. A ideia afirma que é menos provável que uma pessoa expresse uma opinião sobre determinado assunto ao perceber que faz parte de uma minoria, ampliando tal isolamento por medo de represália ou isolamento da maioria.
O cenário atual do Brasil, especialmente no segmento artístico e cultural —em que diversas personalidades acenam expressivamente em favor do espectro político de esquerda— evidencia a tendência de outras figuras públicas de permanecerem caladas quando sentem que suas opiniões estão em oposição ao que vem sendo ecoado pela maioria.
Conforme a teoria, o medo de representar uma voz divergente em meio à multidão conduz o comportamento de esconder, por exemplo, intenções de voto e, até mesmo, fazer com que os indivíduos sejam ‘carregados’ pela massa. Em consequência disso, as vozes altas vencem, mas não necessariamente por ser a maioria ou a mais bem informada.
Cancelamento
A chamada ‘cultura do cancelamento’, que ganhou força nos últimos anos após movimentos de esquerda implantarem uma espécie de desterro político contra pessoas e grupos de atitudes consideradas antagônicas e questionáveis, tem sido vista como uma nova espécie de espiral do silêncio.
No Brasil, personalidades que não ofertam publicamente declarações políticas e sociais temem retaliações por parte do público em geral e, consequentemente, findam seus comportamentos na Espiral.
Andressa Urach, Antônia Fontenelle, Juliana Paes, Thiago Gagliasso e Regina Duarte são alguns famosos que foram ‘cancelados’ por omissão, declarações mornas, ou pontos de vista completamente divergentes do eixo predominante entre a classe artística. As massas determinam e amplificam vozes que soam como as delas, enquanto agem em atos coordenados para calar aquelas que soam diferentes e/ou opostas.
Munil Adriano
O ex-lutador e atualmente treinador de Muay Thai/MMA, Munil Adriano, é mais um nome a se posicionar contra a ‘Espiral do Silêncio’ e a romper a escalada de censura contra figuras de influência, especialmente no segmento esportivo.
Criador da rede de academias Inside Muay Thai, o empreendedor tem erguido a cidade de Bragança Paulista, em São Paulo, aos holofotes e ao triunfo, graças as excelentes academias e clubes amadores e profissionais. Na modalidade de artes marciais, vários lutadores estão representando o nome do município para várias partes do Brasil e até ao exterior, com nomes como os de Jean Matsumoto, Pamela Mara, Diego Gaúcho, Anderson Buzika, entre outros.
Em 2020, Munil Adriano conquistou o segundo cinturão do SFT AWARDS – evento de MMA nacional, com algumas edições internacionais (México e Miami), transmitido pelo canal Band, que escolhe e premia os melhores profissionais do ano.
Já neste ano, foi indicado como melhor treinador envolvido em eventos de MMA do SFT AWARDS.
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Conservador declarado
O histórico de bravura de Munil Adriano tem sido registrado não apenas nos ringues e nas academias, mas também em seus posicionamentos como cidadão brasileiro. Aos 38 anos, o profissional esportivo tem balançado as redes sociais.
Por meio do Instagram, plataforma de mídia que utiliza com maior frequência, Munil passou a intensificar suas opiniões pessoais em questões ligadas ao país. Em oposição aos ideais de esquerda, ele já contabiliza mais de 100 mil seguidores na rede social.
Diante de tamanha ascensão, o Conexão Política entrou em contato com o profissional, que prontamente aceitou conversar com a nossa equipe, externando ainda o que pensa sobre determinados assuntos.
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Conservador, sim!
Sem medo algum de se posicionar, Munil Adriano é enfático ao assumir seu posicionamento político: conservador. Ao falar sobre o cenário atual do Brasil no tocante às pautas políticas e sociais, ele diz que o país já esteve em períodos de ignorância absoluta, além de a população não ter noção do que acontecia nos bastidores do poder.
“Acredito que, por mais que o país esteja ‘ruim’, estamos vivendo nossa melhor fase. Pense comigo: se estamos vendo tanta corrupção nos últimos anos, tanta coisa errada sendo exposta na internet, imagine antes, quando não víamos nada. Estamos vivendo uma fase muito decisiva no país, pois o povo acordou. Estamos vendo muitas pessoas falando de política. Uns, a favor de X. Outros, simpatizando com Y. Mas, antes, todos só baixavam a cabeça e diziam ‘amém!’. Ao meu ver, a internet está mudando tudo em nossas vidas. Existem coisas ruins? Sim! Mas a velocidade nas informações e o fato de todo o mundo ter uma câmera, através de um smartphone, faz com que pouquíssimas coisas passem desapercebidas”, afirma o atleta e treinador de Muay Thai/MMA.
Na sua visão, existe uma ‘espiral do silêncio’ para calar vozes que pensam diferente da hegemonia?
“Não tenho dúvidas. Uma grande prova é que estive em Miami, nos Estados Unidos, há quase um mês. Lá, enquanto eu realizada uma live no meu Instagram, recebi uma notificação informando que eu estava temporariamente impedido de fazer transmissões em vídeo, por algumas coisas que publiquei anteriormente. Sobre essa tal proibição nas redes, acredito que têm coisas que deveriam ser proibidas mesmo, como imagens chocantes, cadáveres, pornografias, entre outros pontos semelhantes, medidas semelhantes ao que é feito na televisão (desde que eu me conheço por gente). No entanto, censurar opiniões, sejam elas políticas ou não, isso não deveria acontecer. A liberdade de expressão é uma das únicas coisas que ainda temos em nosso país. Ela precisa ser preservada, mantida, principalmente aos menos favorecidos, financeiramente falando”, explica.
Existe uma polarização muito forte no país? O que você pensa sobre isso?
“Existe, sim. Um exemplo disso é a dificuldade que tenho em simplesmente fazer um evento em minha cidade. Segunda-feira, 13 de dezembro, fará 20 dias que solicitei o ginásio poliesportivo para um evento que farei em 29/01, em Bragança Paulista, e até hoje não tive uma resposta positiva. A data está vazia e não tem nenhum evento marcado. Destaco, inclusive, que não é devido ao cenário da pandemia, afinal, dias atrás houve apresentações do cantor Projota, organizado pela prefeitura municipal, além da dupla sertaneja Fernando e Sorocaba, cujo show ocorreu em uma casa de eventos da cidade. Os bares e baladas estão lotados. As pessoas já estão transitando sem máscaras, sem distanciamento. A vida já está normal. Mas, veja… Eu estou fazendo um evento de MMA, estilo UFC, em que empregarei mais de 500 pessoas (modo direto e indireto). A partir disso, faço um sincero questionamento: isso não é urgência? Se não for, então eu não sei o que é”.
Munil Adriano é apoiador do presidente Jair Bolsonaro. Enquanto discorria sobre a polarização no país, ele destacou a força do esporte no país, sendo setor protagonista na geração de emprego, além de ser utilizado como ferramenta de intervenção educativa em condições de vulnerabilidade social.
“Se repararmos, baladas, bares, onde é certo o uso de álcool, muitas das vezes drogas, livre pegação e beijo na boca, as autoridades e órgãos sanitários estão fazendo vista grossa. Volto a dizer: eu estou fazendo um evento esportivo, que além dos benefícios acima, ainda proporciona entretenimento à população e tira pessoas das más direções e, especialmente, jovens de caminhos ruins. Mesmo com o meu vasto histórico profissional, estou tendo uma série de burocracias, dificuldades. Ao meu ver, há questões políticas interferindo no meu trabalho”, acrescentou.
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As redes e o direito ao contraditório
Apesar da escalada autoritária e das repetidas investidas das Big Techs contra o público conservador, Munil Adriano segue investindo na criação de conteúdos pela rede social Instagram.
Lá, o ex-lutador compartilha toda a sua rotina como treinador, além mostrar os bastidores de grandes eventos de Muay Thai e MMA que ele promove em diversas cidades do país.
Para Munil, o esporte proporciona vivências de emoções positivas — além de gerar socialização, aquisição de consciência crítica e internalização de valores éticos.
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