Era de se esperar que os meios de comunicação exercessem um papel de representação da sociedade civil, seja nos processos políticos democráticos ou na responsabilização de malfeitores, denunciando a corrupção, prestando informações aos cidadãos, oferecendo uma plataforma de debate e formando opiniões.
Justamente por estarem inseridos nesse tipo de contexto, esses veículos —principalmente aqueles com editorial independente— são um alvo particular para regimes autoritários e para autoridades com interesses obscuros. Diante de uma “era pós-verdade”, em que as pessoas são manipuladas por todos os tipos de propaganda e desinformação, urge a necessidade de mídias objetivas, transparentes, confiáveis e de credibilidade.
Em um período repleto de relativismos, a confiança está se tornando mais importante do que a verdade, o que pode ser considerado um movimento controverso, uma vez que a confiança, apesar de ser um valor muito importante, não pode estar acima da autenticidade dos fatos, sob risco de se colocar em crise a própria democracia.
Assim, os meios de comunicação profissionais independentes — ou entidades que aspiram a esse status — geralmente trabalham em ambientes contrários à hegemonia, o que consequentemente os fazem enfrentar uma série de dificuldades para prosseguir com as suas atividades.
Os custos operacionais básicos são significativos, afinal, jornalismo, informação, educação e/ou entretenimento são serviços que consomem muitos recursos e exigem funcionários qualificados e equipamentos técnicos. Tudo isso, é claro, para estar em concorrência direta com grupos de grande mídia ou com estruturas de imprensa do Estado.
Via de regra, o trabalho de uma mídia independente visa, em geral, garantir o pluralismo da comunicação; apoiar a inovação; figurar como contraponto em meio à hegemonia; atuar com teor investigativo e manter posicionamento claro e, por vezes, voltado a algum público alvo ou nicho específico.
Motivo
No Brasil, assim como em outras partes do mundo, setores de mídia e produtores de conteúdo estão enfrentando ameaças em várias frentes. Personalidades autoritárias tentam ativamente silenciar críticos, mesmo em locais um dia considerados baluartes da democracia, como a Europa e os Estados Unidos.
Cada vez mais os agregadores de conteúdo têm sofrido ataques diversos, inclusive de ordem financeira. O objetivo desse tipo de iniciativa, que apesar de ser antiga passou por reformulação — a exemplo do que faz o movimento Sleeping Giants — é silenciar o antagonismo pela via da repressão monetária, até que seus adversários sejam financeiramente insustentáveis.
Mas por que tudo isso está acontecendo? A resposta é simples. Mídias independentes se tornaram um dos entes mais importantes da atual democracia e impedem o domínio da informação, afinal, quando alguém controla as notícias que os cidadãos consomem, esse alguém também pode controlar o que é posto à disposição do público.
Na contramão da escalada autoritária estão os veículos independentes, que garantem às pessoas uma compreensão equilibrada e informada a respeito, por exemplo, de seu governo e de suas políticas. É por isso que proteger essas mídias significa proteger a democracia. O trabalho comunicativo autônomo, sem a interferência do Estado ou de organizações controversas, permite que fatos nítidos sejam compartilhados com o público a fim de que ele possa usar tais informações para decidir seu posicionamento sobre questões importantes do nosso tempo.
Escalada autoritária
Infelizmente, vários países autoritários, a exemplo de China e Venezuela, priorizam a captura da mídia, de forma total ou parcial, com agentes do governo, na prática, assumindo o controle de suas operações. A consequência disso pode ser catastrófica e inclui desde a distorção da realidade até mesmo ao ato de dar legitimidade a uma tirania.
Como resultado, os cidadãos passam a ter visões pouco realistas daqueles que os comandam, das políticas estabelecidas ou do que acontece em seu país, o que causa impacto e influência na capacidade de agir e de tomar decisões em períodos eleitorais, por exemplo.
Em abril de 2020, a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou o aumento da repressão contra jornalistas em vários países do mundo desde que a pandemia da Covid-19 foi desencadeada, com a aprovação de leis que limitam o direito à liberdade de informação.
Em seu relatório, a entidade cita o regime chinês e o Irã como protagonistas de atos de censura, além de também criticar autoridades nos EUA e no Brasil de incitarem as populações ao ódio contra os profissionais da comunicação.
Acossa tupiniquim
O exemplo mais recente de perseguição a mídias independentes foi visto na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, no Senado Federal, ao longo do ano de 2021, quando os integrantes do colegiado determinaram a quebra dos sigilos de veículos em ascensão.
Na ocasião, a medida foi duramente criticada por diversas instituições, incluindo a Associação MP Pró-Sociedade, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), juristas e jornalistas.
O doutor e mestre em Direito Internacional e bacharel pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Luiz Augusto Módolo, afirmou em declaração exclusiva ao Conexão Política que a investida contra segmentos de mídia configura verdadeiro “ataque consumado à liberdade de imprensa”.
No mesmo sentido argumentou André Uliano, procurador da República e professor de Direito Constitucional. Segundo ele, a CPI mostrou um viés alarmante e utilizou critérios ideológicos para colocar na mira do Estado empresas de comunicação.
No entendimento de Uliano, trata-se de um fenômeno “típico de ditaduras”. Ele salienta que, esse tipo de ação, que primeiro determina medidas arbitrárias para depois justificá-las a partir de eventuais achados, “dá indícios claros de perseguição ideologicamente motivada”.
Censura à brasileira?
No dia a dia, quando presenciamos alguém sendo acusado e ofendido, seja em ambiente público ou privado, é comum ouvirmos a seguinte expressão: “vou te processar!”. A reação em torno desse tipo de situação costuma fazer todo sentido, seja pelo senso ímpeto de justiça ou pelo fato de sabermos que a lei prevê crimes contra a honra.
Apesar de a natureza jurídica não ser a mesma que a de uma pessoa, uma empresa também pode ser vítima de difamação, delito descrito no artigo 139 do Código Penal. Mesmo sendo um empreendimento, há uma reputação a zelar e, consequentemente, um conceito de valores diante da sociedade que precisa ser defendido.
Na era digital e do debate acalorado, é comum presenciarmos ataques sem fundamentos e movimentos coordenados para macular a imagem de uma pessoa jurídica. A verdade, no entanto, é que o ato de proferir acusações, sem o mínimo lastro na realidade, pode acarretar em duras consequências.
Como também vivemos no período da inversão de valores, em que tudo vale a pena ser transformado a benefício de uma narrativa, a busca pela manutenção da reputação, o mínimo a ser feito por qualquer empresa transparente, também foi convertida em algo condenável ou inconveniente.
O exemplo mais recente que podemos citar é o ataque coordenado de veículos tradicionais da imprensa brasileira contra mídias oriundas da era digital e que hoje possuem espaço e destaque no debate público. Não há como negar: a internet democratizou o debate público. Antes, o que era exercido apenas por pequenos grupos de comunicação, hoje é protagonizado por diversos setores da sociedade, incluindo mídias alternativas e independentes, a exemplo do Conexão Política.
No entanto, o que deveria ser motivo de pluralidade de ideias e avanço de conquistas das liberdades, como liberdade de expressão, de imprensa, religiosa, entre outros, tornou-se palco de um cenário turbulento e perturbador diante do Estado Democrático de Direito.
Nunca antes na história deste país se viu nomes de destaque do jornalismo brasileiro e até mesmo empresas que compõe o setor da comunicação perseguindo veículos e jornalistas independentes, buscando coagir comunicadores e produtores e conteúdos que não se alinham aos seus interesses e que representam uma ameaça direta ao monopólio da informação.
Para se ter uma ideia, há muitas mídias independentes hoje no Brasil que possuem muito mais audiência, engajamento, interação entre os seus usuários do que outras empresas que compõem a chamada “grande mídia”. Esse fenômeno pode ser explicado, entre outros pontos, pelo interesse da população em estar cada vez mais ativa e conectada com canais que representam seus interesses, que defendam seus princípios e valores, além de reverberar o que de fato interessa para a sociedade como um todo, não apenas para uma casta privilegiada.
Consequentemente, serviços de publicidade costumam direcionar seus investimentos cada vez mais para quem de fato consegue uma atuação frequente de usuários, clientes, afins. Na prática, empresas que possuem audiência e, não apenas limitada a isso, mas um público que de fato corresponde àquilo que se propõe, acaba retendo um desempenho maior entre seus concorrentes.
Por exemplo: se você é uma pessoa que gosta de ler, que busca assiduamente notícias e possui um posicionamento alinhado ao espectro político de direita, companhias que atuam ofertando publicidade darão prioridade a quem corresponde esses elementos, entregando seus produtos a quem de fato consome essas linhas e, obviamente, dando maior linha de crédito a quem consegue obter números não apenas elevados, mas que uma fidelidade de público.
Logo, se um determinado veículo de comunicação é capaz de produzir conteúdo de qualidade, que gere engajamento, retenção de clientes e consumo de produtos via publicidade, além de estar legalmente constituído como empresa —atendendo também políticas e diretrizes impostas pelas companhias digitais— esse determinado canal midiático passa a ser prioridade no interesse comercial, que nada mais é do que oferta e demanda.
Se no início deste artigo foi apontado o autoritarismo e a imposição como formas de silenciar opositores em todo o planeta, agora teríamos a nova roupagem de censura à brasileira? Evidentemente que sim. Afinal, veículos de comunicações tradicionais, que integram a ‘grande mídia’, há décadas deixaram de cumprir o seu papel jornalístico, passaram a difundir desinformações e ativismo ideológico com objetivos obscuros, longe de atender aos interesses da sociedade brasileira.
Vivenciando um crescimento avassalador, o Conexão Política tornou-se um empecilho para todos aqueles que buscam cercear as liberdades e impor o monopólio da informação. Fundado em pleno século XXI —período de extrema importância da era digital— o Conexão Política ascendeu no jornalismo brasileiro com o objetivo de informar, analisar, opinar, questionar e contrapor como mídia alternativa, assumindo uma linha editorial independente e sem receber nenhum tipo de financiamento estatal ou político-partidário.
Agora, às vésperas de uma das eleições mais importantes da história do Brasil, a mira dos algozes se voltam contra o CP. Investidas seguem em curso, com ataques, represálias e intimidações contra este jornal digital.
As chamadas Big Techs, que constantemente têm retirado liberais e conservadores do debate público —especialmente quem se opõe abertamente em torno de temas amplamente difundidos por ativistas, organizações, autoridades e movimentos de esquerda— estão sendo pressionaras para avançar com medidas autoritárias e antidemocráticas, visando derrubar todos que não se submeterem à agenda progressista, que tem aparelhado as instituições ao redor do mundo.
Tendo em vista que plataformas digitais como Facebook, Instagram, Youtube e Twitter têm contribuído diuturnamente com o silenciamento em massa, o Conexão Política decidiu investir no retorno do seu aplicativo.
Diante de tanta coerção, a primeira versão do aplicativo do CP passou a enfrentar uma série de restrições e, entre outras coisas, ficou totalmente fora do ar, deixando de operar até mesmo suas funções mais básicas.
Em resposta a tudo isso —cientes de que querem censurar e fechar o Conexão Política— trabalhamos arduamente para criar um novo aplicativo para o CP, que é mais uma ferramenta para distribuir os conteúdos deste jornal digital.
Procure “Conexão Política” na sua loja de aplicativos e baixe agora mesmo em seu celular, recebendo todo nosso material diretamente no seu aparelho, seja smartphone ou tablet.
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