Tentar prever a direção dos mercados pode ser extremamente arriscado e, a longo prazo, frequentemente revela-se uma estratégia ineficaz. Essa foi a orientação de César Aragão, diretor de relações com investidores, produtos e alocação da Bahia Asset, durante um evento em Recife voltado para fundos de pensão.
“Se quiser acertar para onde vai o mercado, você vai errar 60% e só vai contar os 40% que acertou”, destacou Aragão. Ele enfatizou que a alocação estratégica é mais relevante do que a tática, que busca ganhos rápidos com as flutuações do mercado.
“Gasta-se muito tempo com a alocação tática. É fácil dizer que está saindo quando a bolsa cai 10%. Há uma tentação muito grande de olhar no retrovisor e fazer o que deu certo no passado”, completou.
Aragão sugere que a abordagem correta é justamente o oposto. Ele defende que uma prática de investimento de longo prazo, como a aplicada por fundos de pensão, é o rebalanceamento.
Essa estratégia se baseia na Teoria Moderna dos Portfólios, desenvolvida pelo Nobel de Economia Harry Markowitz nos anos 1950. De acordo com essa teoria, os gestores devem ajustar as carteiras quando há desvios do equilíbrio inicial.
Por exemplo, se um fundo estabelece um limite de 15% para alocação em ações e, após uma alta, essa alocação aumenta para 20%, a teoria recomenda que o gestor venda os 5% excedentes e reponha o valor em ativos que diminuíram no portfólio.
Assim, o investidor tende a adotar uma abordagem contracíclica, vendendo em alta e comprando em baixa. O rebalanceamento, portanto, evita a compra cara e a venda barata, e controla a exposição a riscos além do planejado originalmente.
No entanto, Aragão adverte que investidores que buscam retornos mais altos no longo prazo devem estar preparados para aceitar perdas de curto prazo. “Se alguém deseja um retorno de CDI + 10% e não consegue suportar uma perda de um mês, não está apto para CDI + 10%. Essa pessoa deveria buscar CDI + 0%. O que as pessoas realmente sabem é o quanto estão dispostas a perder”, conclui.