O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) elevou novamente a taxa básica de juros (Selic), levando-a ao maior patamar desde setembro de 2023. A decisão, somada à possibilidade de novas altas nos próximos meses, acende um alerta sobre o endividamento das famílias brasileiras, que devem enfrentar um cenário de crédito mais caro e restrito.
Especialistas indicam que a elevação da Selic poderá aumentar o custo do crédito, impactando diretamente a capacidade de pagamento das dívidas das famílias. Com juros mais altos, as parcelas dos financiamentos tendem a subir, o que pode levar muitos brasileiros a enfrentarem dificuldades para manter seus pagamentos em dia. Isso aumenta o risco de inadimplência, afetando o acesso ao crédito e prejudicando a recuperação financeira de boa parte da população.
O cenário ocorre após um período de crescimento econômico. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o Brasil registrou uma sequência de 13 trimestres positivos no Produto Interno Bruto (PIB) até setembro de 2024, impulsionados pelo aumento do consumo das famílias, que foi beneficiado por um mercado de trabalho aquecido.
No entanto, a inflação persistente tem pressionado o orçamento das famílias, forçando-as a destinar uma maior parte de sua renda para as despesas básicas. Esse efeito, somado à alta dos juros, prejudica o consumo e o pagamento das dívidas, aumentando o risco de inadimplência. Os juros são uma ferramenta usada pelo Banco Central para controlar a inflação. Ao elevar a taxa, o objetivo é reduzir o consumo e, consequentemente, desacelerar a inflação.
Especialistas afirmam que, embora a concessão de crédito tenha crescido nos últimos meses e a inadimplência não tenha aumentado significativamente, a expectativa para 2025 é de um ano mais difícil. O crédito será mais caro e restrito, dificultando o acesso ao financiamento para o consumidor final. Para as instituições financeiras, o aumento da Selic impõe dois caminhos: ou diminuem a oferta de crédito ou mantêm a mesma quantidade de empréstimos, correndo o risco de inadimplência.