O presidente Donald Trump surpreendeu Washington e Wall Street nesta quarta-feira (9) ao anunciar uma pausa de 90 dias na aplicação das tarifas mais duras contra países que não retaliaram os Estados Unidos. A reviravolta, segundo fontes próximas ao governo, foi atribuída à atuação decisiva do secretário do Tesouro, Scott Bessent, que teria convencido o presidente a abrir espaço para negociações comerciais.
A decisão ocorre após uma semana marcada por forte queda nos mercados financeiros e crescente pressão de empresários, parlamentares, lobistas e líderes estrangeiros. A medida foi anunciada poucas horas depois que as tarifas “recíprocas” haviam entrado em vigor, surpreendendo até mesmo integrantes da própria administração.
Trump usou a Truth Social, sua rede social, para comunicar o adiamento. Ao mesmo tempo, endureceu o tom contra a China, elevando as tarifas sobre produtos chineses de 104% para 125%, alegando “falta de respeito” por parte de Pequim após sua mais recente retaliação comercial.
Recessão no radar
A principal motivação para o recuo, segundo fontes, foi o temor de uma recessão nos Estados Unidos. Trump teria se sensibilizado com alertas públicos de grandes empresários, como Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, que advertiu sobre os riscos econômicos de uma política tarifária agressiva.
Em reuniões internas, Trump também foi informado por governadores e congressistas sobre os efeitos negativos nas indústrias americanas, especialmente o setor automotivo. A governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, afirmou que as tarifas já impactavam a produção local.
Influência crescente de Bessent
A mudança de posição também revelou uma reestruturação na equipe econômica da Casa Branca. Scott Bessent passou a ter maior influência nas decisões comerciais após uma reunião estratégica no último domingo. Segundo apurações, o secretário teria recebido mais de 75 contatos de países interessados em negociar, com destaque para o Japão.
“Não queremos prejudicar países que não precisam ser prejudicados. Todos querem negociar”, disse Trump, ao justificar a mudança, que teria sido redigida “do coração” com apoio de Bessent e do secretário de Comércio, Howard Lutnick.
Reações no Congresso e no mercado
O anúncio inesperado gerou desconforto entre parlamentares. O deputado democrata Steven Horsford criticou a comunicação caótica da Casa Branca: “Isso aqui é amadorismo. Como vocês negociam se o presidente está tuitando sobre isso de onde quer que esteja?”
Já em Wall Street, o recuo tarifário foi recebido com entusiasmo. Os principais índices dispararam, e as ações de grandes empresas tecnológicas lideraram a recuperação. Pouco antes do anúncio oficial, Trump já havia publicado mensagens otimistas como “Fiquem tranquilos!” e “Este é um ótimo momento para comprar!!!”