Os agentes do mercado financeiro revisaram para cima a projeção da inflação no Brasil em 2024, elevando-a de 4,64% para 4,71%. Os dados, divulgados nesta segunda-feira (2) no Boletim Focus do Banco Central, colocam a estimativa acima do teto da meta estabelecida para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
A meta para a inflação é de 3% ao ano, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Com isso, o limite máximo permitido é de 4,5%.
Fatores de pressão inflacionária
A alta do dólar, que encerrou novembro a R$ 6,001 – maior patamar de fechamento da história –, é apontada como um dos principais fatores que pressionam os preços. A valorização da moeda norte-americana impacta os custos das importações, afetando diretamente a inflação.
O mercado financeiro atribui a instabilidade cambial às incertezas geradas pelo pacote fiscal do governo Lula, anunciado recentemente. A proposta inclui uma meta de economia de R$ 70 bilhões em dois anos, considerada irrealista por economistas, além da promessa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, prevista para 2026.
Impactos e dúvidas sobre o pacote fiscal
A isenção do IR, embora popular, pode reduzir a arrecadação pública, aumentando a desconfiança dos investidores. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a perda seria compensada pela taxação de rendas acima de R$ 50 mil, mas a falta de detalhes concretos sobre a medida reforça a cautela no mercado.
Com as expectativas de inflação superando o teto da meta e a volatilidade do dólar, o cenário para 2024 segue desafiador, tanto para o governo quanto para os agentes econômicos.