Nesta segunda-feira, 12, a empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, fez duras críticas ao atual nível da taxa básica de juros, a Selic, que se mantém em 13,75% ao ano. Durante sua participação em um evento do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo, ao lado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ela expressou sua preocupação com a situação econômica.
Em seu discurso, Campos Neto mencionou que o mercado poderia abrir espaço para uma atuação em política monetária no futuro. No entanto, não deu indicativos de quando uma redução nas taxas de juros poderia ocorrer.
Trajano ressaltou que a realidade do setor varejista é diferente e que ele tem um impacto significativo em outros setores, como a indústria e a construção. Ela argumentou que o excesso de produtos e a dificuldade de escoamento afetam a economia de forma negativa, e que a queda dos juros nem sempre é a solução para combater a inflação.
“A nossa realidade é diferente. O varejo puxa tudo, a indústria, a construção. Estamos tendo excesso de produto, as indústrias não têm onde colocar, nem sempre esse remédio amargo também resolveu a inflação”, afirmou Trajano a Campos Neto. “Se estou defendendo, é pela pequena e média empresa. Queria pedir, por favor, para dar um sinal de baixar esses juros.”
A empresária fez um apelo ao presidente do Banco Central, pedindo que seja dado um sinal de redução dos juros, principalmente em benefício das pequenas e médias empresas. Ela destacou as dificuldades enfrentadas pelo setor, com o fechamento de lojas e demissões, ressaltando a importância do emprego para a população e a necessidade de medidas efetivas.
“Uma coisa é, dentro de uma sala, a gente pensar tecnicamente, mas outra coisa é a realidade”, pontuou a fundadora da Magalu.
“Sem um sinal, não vamos aguentar. Quantas lojas aqui já foram fechadas? Quantas pessoas já foram mandadas embora? A desigualdade social é muito grande. É o emprego que salva as pessoas. Queria te pedir, em nome dos brasileiros, para dar um sinal. E não é de 0,25 ponto, que é muito pouco. Precisamos de mais”, reiterou.
Campos Neto respondeu que voltará ao evento em 2024 e que a avaliação, olhando retrospectivamente, será positiva. Diante disso, Trajano afirmou que até lá muitas empresas já estarão quebradas, destacando a urgência de ações para evitar mais prejuízos e aprofundar a desigualdade social. “Vai ter muita gente quebrada, já”, devolveu Luiza Trajano.