Nem mesmo a decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que fez o dólar cair 1% no início do dia, impediu que a moeda norte-americana fechasse em alta nesta quinta-feira (20). O dólar à vista encerrou o pregão cotado a R$ 5,4618 na venda, com alta de 0,39%.
Esse é o maior patamar em quase dois anos, desde 22 de julho de 2022, quando fechou em R$ 5,4976 durante o governo Bolsonaro. O resultado foi influenciado pelas novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, além do avanço das cotações no exterior.
No início da sessão, o dólar registrou uma queda acentuada em relação ao real, com o mercado aliviando parte das pressões recentes após a decisão unânime do Copom de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, encerrando um ciclo de sete cortes consecutivos de juros.
“O mercado abriu bem positivo, refletindo a decisão do Copom de ontem [quarta-feira], que foi unânime, e tirando um pouco do risco de alta da Selic [à frente], que vinha sendo precificado”, comentou Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank, durante a tarde. “Tanto é que os juros [futuros] curtos fecham mais que os longos. O câmbio foi na mesma linha, abrindo com a queda do dólar”, acrescentou.
No entanto, ao longo da manhã, ficou claro que o alívio nas cotações seria limitado. A moeda norte-americana virou para o positivo pouco depois das 12h, enquanto Lula dava entrevista a uma rádio do Ceará. Na entrevista, ele voltou a questionar a autonomia do Banco Central e disse que a decisão do Copom de interromper o ciclo de cortes da Selic “foi uma pena” para o Brasil.
Ibovespa registra leve alta
A virada do dólar para o positivo coincidiu com a desaceleração do Ibovespa, especialmente entre as ações sensíveis à curva de juros brasileira, e com a redução da queda dos DIs (Depósitos Interfinanceiros). O Ibovespa fechou o dia com uma alta discreta, sustentada pelo avanço das ações da Petrobras.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com acréscimo de 0,15%, a 120.445,91 pontos, após atingir 121.606,64 pontos na máxima pela manhã. No pior momento, chegou a 120.156,30 pontos. O volume financeiro somou R$ 21,1 bilhões.