O Brasil registra um novo recorde no número de servidores públicos, totalizando 12,65 milhões de trabalhadores no setor público no segundo trimestre deste ano. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelo aumento das contratações nos municípios e pela expansão do número de servidores sem carteira assinada, que cresceu 58% na última década.
Especialistas apontam que o crescimento foi impulsionado pelas eleições municipais, pela maior demanda nos setores de educação e saúde, e pelas chamadas “emendas Pix”, que são recursos destinados por parlamentares diretamente às cidades. Nos estados e no governo federal, o número de servidores se manteve estável.
Os dados sobre o recorde de servidores públicos são de um levantamento realizado pelo economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultoria Econômica, com base em dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), coletados desde 2012.
Segundo Imaizumi, as eleições municipais têm um impacto significativo no aumento de contratações no setor. Para melhorar a posição nas eleições, muitos prefeitos usam a justificativa de intensificar os esforços para aprimorar os serviços oferecidos à população, o que resulta na necessidade de mais profissionais e, consequentemente, no aumento das contratações.
Fernando Coelho, professor de administração pública na Universidade de São Paulo (USP), destaca que esse crescimento pressiona as administrações municipais a melhorar a qualidade dos serviços públicos. Ele também acredita que isso reflete uma maior integração entre o governo federal, os estados e os municípios.
Renata Vilhena, professora de gestão pública na Fundação Dom Cabral e presidente do conselho do República.org, explica que as restrições impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal dificultam a contratação de servidores concursados. Com isso, a administração pública opta por contratações alternativas, como cargos comissionados, para evitar pressões orçamentárias a longo prazo.
De modo geral, a principal preocupação com o aumento no número de servidores é garantir um equilíbrio entre receitas e despesas. Muitos especialistas defendem a necessidade de uma reforma administrativa para discutir o futuro do setor público.
Fernando Coelho, que também faz parte do Movimento Pessoas à Frente, defensor do serviço público, ressalta que, além do montante gasto com contratações, é importante avaliar a qualidade dos profissionais contratados, verificando se são realmente os mais aptos para exercer suas funções.