O governo interino boliviano vai nomear um embaixador nos Estados Unidos pela primeira vez em 11 anos, informou o Ministério das Relações Exteriores do país no Twitter.
Nomear um embaixador para os EUA é uma ruptura com o curso internacional que o ex-presidente Evo Morales tomou durante sua presidência. Durante anos, os laços entre La Paz e Washington foram tensos sob o governo socialista boliviano.
Segundo o ministério, o cargo em Washington vai para Walter Oscar Serrate Cuellar, que anteriormente representava a Bolívia como embaixador e delegado nas Nações Unidas. A nomeação ainda não foi aprovada pelo Congresso boliviano.
Sob o regime socialista de Morales por quase 14 anos, os laços com os Estados Unidos eram tensos. As relações pioraram na época do presidente norte-americano George W. Bush, com a expulsão de embaixadores de ambos os países no final de 2008.
Morales renunciou em 10 de novembro e fugiu para o México, depois de ser acusado de fraude eleitoral.
A presidente interina e conservadora Jeanine Áñez, reconhecida pelos Estados Unidos, não perdeu tempo reescrevendo a política externa da Bolívia.
Ela rompeu laços com a Cuba socialista e a Venezuela do ditador Nicolás Maduro.
A primeira decisão de política externa de Áñez foi reconhecer o líder da oposição da Venezuela, Juán Guaidó, como presidente do país, juntando-se a um grupo de cerca de 50 países, que inclui o Brasil.
A ministra das Relações Exteriores, Karen Longaric, anunciou que diplomatas venezuelanos seriam enviados para casa por “violar normas diplomáticas”.
A Bolívia também demitiu todos os seus embaixadores, exceto os do Peru e do Vaticano.
O anúncio de terça-feira (26) ocorreu quando cerca de 20 ex-membros do governo de Morales fugiram para a embaixada do México em La Paz, disse o Ministério das Relações Exteriores. Cinco deles, incluindo o ex-ministro de Morales Juan Ramon Quintana, são procurados para prisão. Morales e Quintana foram acusados de sedição e terrorismo.
Os promotores federais estão investigando acusações de que Morales, depois de chegar ao México, incentivou seus apoiadores a manter bloqueios nas estradas que causaram severa escassez de alimentos e combustíveis em La Paz.
O ministro do Interior, Arturo Murillo, mostrou uma gravação por telefone para jornalistas na quarta-feira passada, em que é possível ouvir Morales dar instruções a um líder do movimento de oposição na Bolívia.
“Não deixe comida nas cidades, vamos bloquear, realmente cercar [as cidades]”, diz a voz que Murillo atribuiu a Morales.
A Bolívia apresentou um protesto formal ao México por comentários de Morales, dizendo que eles “violavam” seu status de “asilo político”.