Imagem: Divulgação | Conexão Política
Brasília e Washington estão mais perto do que imaginamos.
Scandal (2012-2018) é uma série de TV de Shonda Rhimes que mostra os bastidores do poder americano. É uma das séries mais inteligentes e surpreendentes que eu já assisti e despertou em mim sentimentos antagônicos.
A personagem principal é uma advogada chamada Olivia que tem o auxílio de uma equipe de “gladiadores” que a ajudam de forma magistral a resolver os escândalos que envolvem os agentes do poder, algumas vezes com o uso de artifícios questionáveis que colocam em xeque nossos princípios.
É um exemplo perfeito de engenharia social que faz com que as pessoas deixem de enxergar o errado como tal, agregando-o à protagonista e coadjuvantes carismáticos… Isso sem entrar no mérito dos inúmeros conceitos progressistas contidos na série.
Olivia tem princípios morais, como vamos percebendo na construção da personagem ao longo dos episódios. E desde os primeiros, a história é estruturada de forma a nos aproximar dos personagens que têm em cada caso a ser resolvido uma missão a ser cumprida. As temporadas são condimentadas com eficazes músicas temáticas de fundo, sofrimento dos personagens, roteiros extraordinariamente inteligentes, atores sensacionais, etc. Uma produção extremamente envolvente.
E justamente aí é que mora o perigo.
Somente um olhar atento, crítico, fará com que você perceba como a Janela de Overton é utilizada nesta produção (Revenge, é outra ótima série que eu poderia usar como exemplo). Olivia vai, gradativamente, ganhando nossa empatia e confiança (a atriz é carismática e muito talentosa) e não percebemos como somos dirigidos para a aceitação da destruição de nossos valores conservadores.
Na terceira temporada, por exemplo, a personagem da Vice-Presidente americana, que é cristã e com princípios religiosos, até então, muito sólidos, vê-se diante de uma situação onde, para aproveitar uma oportunidade de ganhar a eleição, muda sua opinião sobre o aborto e chega até mesmo a negar sua fé!
Vemos temas como o adultério, mentiras, união homoafetiva (com adoção de criança), sexo casual, traições, fraude eleitoral, fragilização de personagens masculinos, dissimulação, manipulação, homens dominados por mulheres, relativização de diversos tipos de crimes, etc. sendo associados a personagens envolventes fazendo com que deixem de ter o impacto negativo que deveriam. Qualidades relacionadas com personagens antipáticos e que agem de forma correta também são ingredientes utilizados que confundem o telespectador.
Outros valores caros para nós também são alvos de ataque na produção.
O relativismo, na série, é usado de forma sutil para que sejamos mais “compreensivos” com as ideias que querem que sejam aprovadas. E todos nós conhecemos a linha ideológica de Hollywood…
E um olhar diante do espelho ao final dos episódios faz com que tenhamos dificuldades de nos reconhecermos.
O que fazer então? Deixar de assistir séries, filmes, etc.?
Não acredito que seja essa a solução (se bem que temos a alternativa dos bons livros). Vivemos neste mundo e devemos aprender a combater os males que nele existem de forma sábia e com reconhecimento de nossos limites.
Uma sugestão é colocarmo-nos na posição dos personagens em questão e nos perguntarmos: como eu reagiria numa situação como essa? Será que pela minha meta eu sacrificaria meus valores? Que legado quero deixar meus filhos: o financeiro ou o moral? Será que preciso ser rico e famoso? Uma vida modesta, mas honesta, é o suficiente para mim?
Alimente seus valores diariamente e esteja sempre alerta para evitar que, na sua “Series Finale”, você tenha perdido a capacidade de se espantar com escândalos.