Lembro-me de uma época que quem possuía facilidade para decorar era vista como alguém muito inteligente. Decorar era a capacidade de trazer a memória o que nela havia sido registrado.
Textos, ditados ou questionários —quando a professora perguntava, estava ali na “ponta da língua”! E a recompensa era uma nota, que na época era “A”, “B” ou “C”. Com o passar do tempo esse tipo de performance foi deixada de lado por razões relacionadas a questões pedagógicas.
POVO DE MEMÓRIA CURTA
Fomos qualificados como um “povo de memória curta”, especialmente, no que se relacionava a sua história. Durante as eleições, ninguém lembrava em quem havia escolhido na eleição passada, e na hora do voto a dúvida sempre fez parte do processo de decisão. Dizia-se que quem “lucrava” com a “memória curta” era sempre o mau político. Ou seja, aquele que era “bom” somente no período de campanha eleitoral, mas que ao ser eleito, abandonava todas as promessas.
O processo de decorar era bem simples: as pessoas com maior performance em decorar eram aquelas que liam por diversas vezes a mesma informação — seja um texto, um ditado ou um questionário, — e as informações sempre ficavam ali fresquinha na memória, prontas para serem sacadas a qualquer momento.
MEMÓRIA CURTA FICANDO PARA TRÁS
Por outro lado, essa “memória curta”, adjetivo dado ao brasileiro, parece que aos poucos está perdendo seu efeito. Considerando os dias atuais, nunca o povo brasileiro falou tanto sobre um mesmo assunto: Política.
O interesse pela política nacional tem gerado o efeito de decorar informações importantes, como por exemplo: nomes de parlamentares que votaram contra a nova reforma da previdência; quem são os políticos que pertencem ao “Centrão” e quem são e como normalmente votam os representantes do STF.
Toda essa busca diária pela informação relacionada com a política nacional tem pelo menos dois grandes objetivos: mostrar que não estão mais dispostos a deixar os políticos tomarem suas decisões isoladamente e guardar bem na memória “quem é quem” — visando as eleições seguintes.
VAMOS EXERCITAR
Quanto mais exercitarmos nosso cérebro com as mesmas informações, discutirmos e conversarmos, a probabilidade da “memória curta” ficar pra trás é muito grande. E isso trará enorme efeito de resgate já nas próximas eleições em 2020.
O texto bíblico, em Lamentações de Jeremias 3:21, faz menção sobre a importância comportamental do resgate da memória em momentos relevantes:
“Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.”
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