A imprensa cega por ideologias revolucionárias, com seus cacoetes, resolveu chamar a atual situação do governo de “crise”. Eles já chamaram ditadura de democracia, e ditador de presidente e líder. Deixam pomposo o mau e enfeiam o saudável e correto. Explico:
- de fato há algum mal entendido aqui e ali, coisa de governo recente, uma fase comum de adaptação. Isso ocorre muitas vezes pela autonomia que foi dada aos ministros (saudável);
- a “falta de articulação” que a imprensa fala é a falta de troca de favores do velho ciclo vicioso do “toma lá dá cá” (saudável);
- a imprensa não anda a ajudar muito criando ou aumentando ruídos de de baixo decibéis (nada bom).
O que está ocorrendo no Brasil é algo que nãos sei dizer se já ocorreu: democracia saudável, corada. Na última década tivemos congressos comprados, STF tomado por indicações, imprensa aparelhada. Dessa forma é fácil manter a hegemonia e o discurso, não é? Mas isso não é democracia. Democracia é a gestão de conflitos entre os poderes. Uma hora o executivo vai conseguir uma conquista, outra hora o legislativo, e assim por diante.
Estamos em um momento ímpar nessa nação (exceto o fato do STF querer legislar) , uma pena que os jornalistas famosinhos que pautam a TV e o rádio não conseguem ver, pois ainda estão banhados de ressentimento. O mais importante é: todo o poder emana do povo: se o executivo sair da linha, temos que pressionar, se o legislativo sair da linha, temos que pressionar, e se, ainda, o judiciário sair da linha, temos que pressionar e muito. Democracia exige responsabilidade, coisa que não estamos muito acostumados, pois andamos por muito trocando liberdade por “direitos” e “facilidades”.
Sigamos, pois a luta só começou. Precisamos aprender a conviver com democracia, com conflitos.