Mais um brasileiro se vai.
Com a eleição de Bolsonaro a chama do orgulho de ser brasileiro foi reacendida em mim. Ele fez-me voltar a acreditar de meu país, reativou em mim a esperança de um futuro melhor.
Entretanto um país se faz com homens, e eles precisariam dar-lhe apoio, pois este herói está, “sozinho”, lutando contra diversas organizações criminosas (as quais não preciso citar) que a cada dia mostram mais suas garras sem medo de serem relacionadas com o crime organizado.
Observamos passivamente os escárnios diários conosco, afinal o que eles tem a temer? Atribuímos um poder quase que absoluto a eles! O Congresso Nacional e o STF conseguiram jogar um balde de água fria nessa brasa reacendida em mim pelo nosso Presidente.
No último dia 02 de outubro, o STF rasgou (mais uma vez) a Constituição Federal e o Código de Processo Penal. Mostrou que perdeu completamente o senso de moralidade, que já era pequeno, e abriram caminho para anular sentenças da Lava Jato com base em uma lei que, simplesmente, não existe!
Mais uma vez extrapolam suas funções, usurparam o poder aprovando por 7 a 4 (Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Celso de Mello, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber) a tese que réus delatados devem apresentar alegações finais após os delatores. O objetivo oficial é assegurar direito à ampla defesa, mas nós sabemos qual é o real. Para quem não lembra, na Lava Jato, os dois (delatados e delatores) se apresentaram ao mesmo tempo. Providencial isso, não?
Se esse detalhe não era uma “irregularidade” na época, porque deveria retroagir?
Celso de Mello chamou de “causa de nulidade absoluta qualificada” o descumprimento de uma regra que jamais foi prevista em lei! Os sete “supremos” simplesmente inventaram essa norma! Isso tem um nome e todos sabemos qual é.
Gilmar Mendes, quando usa mensagens obtidas de modo criminoso, e cuja autenticidade nem sequer foi comprovada e chama de “torturadores” pessoas idôneas como o Ministro Sérgio Moro e o Procurador da República Deltan Dalagnol cria, ele sim, o caos institucional e o choque entre poderes, que ele descaradamente acusa!
Até quando o povo brasileiro vai aceitar esses abusos? Até quando só nos restarão a indignação e a conta?
No impeachment de Dilma Roussef, Lewandowsky e Calheiros rasgaram a Constituição ao não cassar os direitos políticos da ex-Presidente. E estamos testemunhando as consequências disso, pagando as despesas para que ela vá denegrir a imagem do país pelo mundo afora sem sequer ser acusada de crime de lesa pátria. Pior: até hoje ninguém corrigiu o erro, ninguém foi punido por isso e muito menos se fala em assegurar nosso direito de ver a Constituição ser respeitada.
“O centro do Poder não está no STF ele é apenas um. Ele foi criado pela Esquerda ao longo de 40/50 anos de esforços. Ele é um órgão da Esquerda, não comanda a Esquerda. Gilmar Mendes era um homem da Direita (Liberal Conservador).”
(Prof. Olavo de Carvalho)
Diariamente vemos o escárnio com o povo brasileiro. Quando não é o STF legislando como na caracterização da homofobia como crime de racismo, é em situações como a que vimos nesta última quarta-feira.
O Congresso Nacional impede, constantemente, nosso Presidente de governar abusando de nossas ferramentas democráticas e usurpando, como os Ministros da suprema corte, do poder que lhes foi atribuído. Aprovam Fundão, com o país quebrado (estou falando de 2018, você nem deve lembrar mais, não é? Viu como as listinhas negras não servem para nada?) e pouco tempo depois um complemento dele.
E este ano a história se repete com outros requintes de crueldade como a chantagem pela Reforma da Previdência e os absurdos casos da Lei de Abuso de Autoridade (que já trazem consequências negativas) e a CPI da Fakenews.
E o povo brasileiro o que faz?
Limita-se a levantar hashtag no Trend Topics mundial do Twitter, xinga políticos, enxuga gelo com pautas “fogo de artifício” nas manifestações de rua, como por exemplo pedindo a Lava Toga [01] [02]. O Senado Federal já sabe que a CPI da Lava Toga é inviável desde 20 de Março de 2019! [03] Além do mais, o Regimento Interno do Senado impede CPIs pertinentes às atribuições do Poder Judiciário (art. 146, II, do RI do Senado)! Consulte no site da casa.
Num país sério, neste momento, haveria renúncia coletiva dos parlamentares envolvidos nessa encenação após serem desmascarados desta forma. Mas só num país sério, claro…
“O que as pessoas querem: investigar Ministros do STF. Porém, o Regimento Interno do Senado proíbe abrir comissões parlamentares de inquérito (CPIs, etc.) ou de quaisquer mecanismos de investigação, quando tem por objeto rever atribuições do Poder Judiciário”
(Prof. Evandro Pontes)
Ah… mas tem a derrubada da PEC da Bengala…
Não sejamos inocentes. O que nos garante que não seja um tiro no pé, com esse Congresso Nacional alterando a idade da aposentadoria compulsória para, por exemplo, 80 anos, de forma que o Presidente não indique NENHUM Ministro do STF? Ou você não acredita que seriam capazes disso? Legalmente falando, eles podem. Confiram.
É preciso deixar o amadorismo de lado, pois estamos lidando com criminosos muito organizados, que têm décadas de experiência e que sabem muito bem como “calar” seus desafetos!
Ultimamente, incentivados pelas imagens que circularam pela internet, alguns brasileiros, revoltados, começaram a defender a tese de que devemos “ucranizar” o Brasil.
Discordo, acredito que deveríamos é “peruanizar”.
Os ucranianos, revoltados, jogaram alguns políticos na lata de lixo. O que aconteceria no Brasil? Eles jogariam seus ternos Armani fora, comprariam outros para substituir aqueles, contratariam mais seguranças, carros blindados, aumentariam os gastos com passagens de avião mais seguras, etc. E tudo isso mandando a conta para quem? Para quem sempre a paga: nós.
O povo peruano, há pouco tempo atrás foi para as ruas e só saiu delas após conseguir dissolver TODA a cúpula da Suprema Corte do país. E há poucos dias o Congresso Nacional foi dissolvido pelo Presidente e novas eleições foram convocadas.
Há muito já chegamos ao ponto onde a única saída é “peruanizar”, só sair das ruas quando o STF e o Congresso Nacional fossem dissolvidos.
De nada adianta invejar o povo peruano e continuar em casa, subindo hashtag e lamentando pelo amigo que foi censurado.
Não adianta ficarmos discutindo uns com os outros pela absurda instalação da Lava Toga que já foi provada que é tecnicamente inviável.
Não vejo ninguém exigindo um Recall Anual de Políticos (como já citei em artigo anterior) ou o fim do quociente eleitoral (apenas 5% dos deputados federais foram eleitos em 2018 com os próprios votos, você sabia? Portanto, a culpa não é exclusivamente do eleitor como muito se propaga)!
É preciso parar de defender de pautas que não são nada mais, nada menos que toalhas de enxugar gelo! Estamos fazendo jus ao termo pejorativo que usam contra nós: gado. Tudo isso pela incapacidade de avaliar politicamente a melhor estratégia.
As redes sociais deveriam servir para conscientização E ação do povo. Infelizmente o único objetivo que elas estão conseguindo atingir é deixar-nos cada vez mais estressados, pois não usamos a ferramenta para mobilizações com pautas eficazes, como já citei aqui e em artigos anteriores. E não vejo luz no fim do túnel em direção à uma solução, apenas narrativas teóricas de que num futuro próximo o povo vai se conscientizar, que está aprendendo, que vai melhorar, etc.
Se não tomarmos uma atitude, meus bisnetos estarão ouvindo a mesma narrativa.
Quando surgem projetos, que realmente podem mudar o país, como o Mapa Político, são muitos os que se entusiasmam no começo, mas poucos os que realmente colaboraram com trabalho.
Indo contra uma promessa que fiz após passar o comando do projeto Mapa Político adiante, acabei criando outro, de formação de núcleos culturais conservadores pelo Brasil inteiro. A dificuldade de reunir uma equipe de trabalho é hercúlea, e novamente, encontro poucos abnegados que se dispõem a dedicar seu tempo pela construção de um país melhor para nossos descendentes.
Não culpo Bolsonaro e a equipe de notáveis pelo que acontece, mas perdi completamente a esperança nesse país.
O STF ultrapassou todos os limites aceitáveis. O Congresso Nacional, há muito vem afrontando o povo impedindo Bolsonaro de fazer com que o país cresça. Ambos conseguiram a façanha de fazer meu copo transbordar.
A suprema corte já perdeu a legitimidade há muito tempo, o Congresso Nacional já tentou até organizar um golpe com a anuência desta, o que mais o povo está esperando? Que entrem em nossas casas e maltratem nossos filhos como fazem na Coreia do Norte? Que mandem devolver o dinheiro roubado que foi recuperado da Lava Jato porque o julgamento foi anulado? Que consigam realizar o objetivo divulgado por Frota?
Desde criança sempre fui um idealista, procurei agir em prol do bem do próximo, muitas vezes em completo anonimato e sabendo que mesmo depois que eu me for ninguém, exceto Deus, saberia o que fiz. Há pouco mais de um ano aceitei o convite do Conexão Política de colaborar, com artigos semanais que nunca falhei, para que as pessoas refletissem sobre a situação política do país, e dessa forma agissem contra os desmandos ocorridos nele. Porém, vejo que não há indícios de que algo de concreto se fará e continuaremos a ver diariamente esse escárnio desses ratos que tomaram conta do Estado.
Certa vez uma amiga, de origem sueca, que trabalha numa agência governamental brasileira, disse-me: “Não perca seu tempo, cuide de sua família!”. Na época foi um choque, pois ia contra tudo o que acredito. Muito a contragosto, sou obrigado a dizer, hoje, que ela tem razão.
Como eu disse anteriormente, perdi, novamente, todo o orgulho de ser brasileiro e dificilmente conseguirei ressuscitá-lo. Para ter orgulho de pertencer a um país não basta nascer nele. Isso não lhe faz um cidadão. Para isso é necessário lutar pelos seus valores, pelo crescimento dele, pelo bem estar de seu povo. Que orgulho posso ter de nascer num lugar onde se assiste passivamente o desrespeito às leis, a proteção aos criminosos que matam pais de família de diversas maneiras e velocidades?
Eu teria orgulho de ser brasileiro se eu esquecesse minha carteira em cima de uma lanchonete e ao voltar ela ainda estivesse ali. Se eu fosse estudante e não precisasse mostrar minha carteirinha para o motorista para comprovar que não preciso pagar a passagem. Se eu atravessasse sem medo um cruzamento porque meu carro chegou primeiro nele e se eu fosse um estrangeiro que não conhecesse a regra, ela ainda assim fosse respeitada pelo nativo. Se eu pudesse pagar o aluguel do apartamento simplesmente colocando um cheque na caixa de correspondência do escritório, sem medo de não ter um recibo de volta. Se eu parasse na borda da calçada e os carros parassem para eu atravessar, mesmo com o sinal aberto para eles. Que esses carros, numa via de mão dupla parassem o trânsito porque eu estava tirando uma foto do outro lado da rua! Não, isso não é utopia, eu vi isso e muito mais pelo período de um ano que morei, com minha família, em Gainesville, na Florida!
E quando eu contava aos americanos (sem conexão entre si) estes absurdos que acontecem no Brasil, a resposta era sempre a mesma: “e vocês, não fazem nada?”
Cheguei ao meu limite, cansei de pesquisar, escrever, entrevistar, tentar conscientizar, e continuar a testemunhar a passividade tupiniquim. Sinto estar gritando num deserto.
Decidi que este será meu último artigo. Abrirei espaço para outras vozes. Quem sabe não consigam resultados mais eficazes do que eu consegui em todos esses anos de trabalho, não é mesmo? Fiquei rouco e preciso cuidar de mim.
Só reverterei essa decisão quando ver o povo indo às ruas e só saindo dela ao conseguir o mesmo resultado obtido pelo Peru, contra esse Congresso Nacional e STF.
Não dá mais! Todos os limites aceitáveis foram extrapolados.
Estou considerando um “período sabático” de 3 meses. Se nada mudar, eu não volto mais a comentar o cenário político brasileiro, por nenhum meio.
Começarei pela exclusão de minha conta no Facebook, que independente do resultado, não reativarei mais.
Meu orgulho reanimado metamorfoseou-se em vergonha. Vergonha de ver nosso Presidente arriscar diariamente sua vida e de sua família sem o apoio que merece e precisaria receber. Um homem que aprendi a respeitar e admirar e por quem, silenciosamente, continuarei, em minha insignificância, pedindo a Deus que proteja.
Usarei esse tempo de recesso para estudar inglês, pois acho que vou precisar…
Um abraço, obrigado pelo prestígio que me proporcionaram, e até um dia, quem sabe.
[01] Guten Morgen 86: O perigo da Lava Toga (e Terra plana…) – com Evandro Pontes
[02] Podcast Camila Abdo & Evandro Pontes
[03] Jogando uma pá de cal – Thread do Prof. Evandro Pontes