O PSDB vem passando por uma enorme crise interna às vésperas de mais uma eleição. A legenda tucana, sobretudo após as denúncias de corrupção que pairaram sob seu presidente, o senador mineiro Aécio Neves, sofre com crises internas por poder partidário, que podem estar minando o partido para as eleições presidenciais deste ano. Personalidades do partido, como o ex-senador e atual prefeito de Manaus-AM, Arthur Virgílio, em entrevista recente ao portal R7 deixou clara a sua insatisfação com a situação a qual passa o partido.
Com a briga interna, o governador de São Paulo e postulante à presidência da República, Geraldo Alckmin decidiu cozinhar internamente todos que possam ameaçar a sua candidatura. Cozinhou inclusive aliados que começavam a ganhar espaço, como o prefeito de São Paulo João Dória Júnior. Assim, hoje o governador do principal estado do país controla a presidência do partido e prepara a legenda para que seja o candidato nas eleições em outubro.
Com o controle de Alckmin e o fortalecimento de correntes mais sociais-democratas dentro da legenda, quadros partidários como Gustavo Franco e Elena Landau já desfiliaram-se do partido alegando que as ideias mais liberais não tem voz dentro do PSDB. Tal ação iniciou-se quando Geraldo Alckmin, em evento da corrente partidária “Esquerda Pra Valer”, teceu severas críticas ao pensamento liberal. E se consumou quando o manifesto “Gente em primeiro lugar – O Brasil que queremos” foi lançado pelo presidente do Instituto Teotônio Vilela (Think-Thank do partido) José Aníbal. Em tal documento, se tem a defesa de um “Estado musculoso” que possa ser “indutor do crescimento econômico”.
Tal briga interna e o velho espírito apático do PSDB vem enfraquecendo a legenda. O partido que ajudou a sustentar Lula durante o escândalo do Mensalão em nome da economia do país mostra mais uma vez que deve fazer concessões àquela que rejeita os políticos do partido, a esquerda mais radical. Em post recente em seu facebook, Alckmin manifestou que prefere que o petista Lula concorrendo nas eleições presidenciais do que sendo preso no dia 24 de janeiro, dia de seu julgamento no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4 a Região). E na mesma entrevista, o prefeito manauara declarou-se o único tucano que poderia derrotar Lula no pleito presidencial. A mesma ação realizada em 2006 começa a ser repetida exatos doze anos depois.
O comportamento demonstrado por grandes nomes tucanos é de que o partido está em uma ilha, longe de qualquer debate de país e que deseja apenas consertar seus problemas de brigas internas contando que o partido já tenha eleitorado cativo achando que a votação expressiva que Aécio Neves teve em 2014 na eleição presidencial irá se refletir em 2018, ignorando a mudança de cenários e as circunstâncias de quatro anos para cá. Diferente de outras eleições onde o PSDB era a única opção em um cenário onde havia apenas o PT e o socialismo verde de Marina Silva, o eleitorado conservador e liberal terá opções para votar na eleição para presidente, em opções que vão do Deputado Federal Jair Bolsonaro (PSC, mas que acertou com o PSL para concorrer nas eleições) ao empresário João Dionísio Amoedo (NOVO).
Tais ações feitas pelo partido tucano podem custar muito caro para as pretensões eleitorais deste ano. Nas pautas de grande debate nacional, o tucanato vem se escondendo do debate, situação que pode custar muito caro para um partido que há menos de dois anos atrás teve um dos maiores crescimentos, sendo o segundo partido do país em número de prefeitos. Se o PSDB deseja eleger uma boa bancada de deputados, senadores, governadores de Estado e também eleger o presidente, terá que sair da sua ilha de brigas e conflitos e entrar de fato no debate dos problemas que afligem o país e se mostrar a opção mais viável para a construção de um novo Brasil.
– Por: Jefferson Viana
Graduando em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pesquisador da área de História Cultural Brasileira e Assessor Parlamentar na Câmara Municipal de Niterói.