A decisão da British Airways de cancelar imediatamente todos os seus voos para a China poderá causar um efeito indireto na aviação. Apesar das considerações econômicas, as empresas não querem ser responsabilizadas por qualquer contaminação a bordo.
A Grã-Bretanha aconselhou ontem (28) seus cidadãos a não viajarem para a China se isso não for absolutamente necessário, devido ao surto do novo vírus corona. A companhia aérea britânica decidiu, então, ser a primeira a cancelar todos os seus voos para a China imediatamente.
A companhia aérea norte-americana, United Airlines, a terceira maior do mundo, anunciou nesta terça-feira (28) a suspensão de parte de seus voos entre os Estados Unidos e China. A companhia declarou que cancelaria voos a partir de seus hubs, ou seja, Aeroporto Internacional de São Francisco, Aeroporto Internacional Newark, Aeroporto Internacional O’Hare de Chicago e Aeroporto Internacional Washington Dulles, na Virgínia, na primeira semana de fevereiro.
Outras duas companhias aéreas americanas que voam para a China, Delta Air Lines e American Airlines, disseram que não reduziram seus voos, mas estavam monitorando de perto a situação.
A companhia aérea indonésia Lion Air cancelou dezenas de voos em rotas para 15 cidades chinesas a partir de sábado (25). A Cathay Pacific e a Air Canada também cancelaram parte de seus voos planejados para as próximas semanas.
A empresa russa Urals Airlines cancelou voos para Paris, Roma e outras cidades populares entre os viajantes chineses, devido ao surto de vírus.
Outras companhias aéreas tomaram medidas para reduzir a chance de o vírus se espalhar. Por exemplo, a China Airlines pede aos passageiros que tragam suas próprias garrafas de bebidas e a equipe da Singapore Airlines usa máscaras nos voos de e para a China.
As empresas aéreas já notaram que muitos clientes cancelaram seus voos à China. As pessoas não querem ficar juntas por dez horas em um ambiente insalubre, com pessoas que podem estar infectadas. E para as companhias aéreas, também não é lucrativo voar para a China com aviões meio vazios. Para obter lucro, uma aeronave deve ter uma taxa de ocupação de pelo menos 80%.
O medo de processos também desempenhará um papel para a decisão das empresas aéreas. Elas temem ser responsáveis caso um passageiro a bordo for infectado por outro passageiro, especialmente agora que os governos de vários países estão formalmente desaconselhando viajar para a China. Os conselhos de viagem dos governos nacionais são uma referência para muitas companhias aéreas.
É possível que a decisão da British Airways traga consequências para outras companhias aéreas, causando um efeito dominó no setor de aviação nos próximos dias ou horas.
Por enquanto, muitos governos estão desaconselhando viagens desnecessárias à região de Hubei, o epicentro do surto de vírus na metrópole de Wuhan. Os riscos de segurança se aplicam a outras regiões da China.
No Brasil, o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reforçou a orientação da pasta para que as pessoas tenham precaução na hora de viajar.
“Nós desaconselhamos e não proibimos as viagens para a China. Não se sabe, ainda, qual é a característica desse vírus que é novo; sabemos que ele tem alta letalidade. Não é recomendável que a pessoa se exponha a uma situação dessas e depois retorne ao Brasil e exponha mais pessoas. Recomendamos que, não sendo necessário, que não se faça viagens, até que o quadro todo esteja bem definido”, destacou o ministro da Saúde.
Até o fechamento da matéria, 132 pessoas morreram e pelo menos 6.057 foram contaminadas pelo vírus Corona. Só na China, foram 5.970 contaminados e 132 mortos.