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Os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso protagonizaram um intenso bate-boca no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) em sessão que deveria votar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade sobre doações ocultas de campanha eleitoral — antes, Cármen Lúcia havia informado aos ministros que marcou para amanhã a análise do habeas corpus pedido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Quando Gilmar já tinha voltado ao tema eleitoral, em determinado momento fez referência a decisão de 2016, na qual a Primeira Turma do STF revogou a prisão preventiva de cinco médicos e funcionários de uma clínica de aborto. O voto que conduziu a decisão foi de Barroso.
— Claro que continua a haver graves problemas. […] É preciso que a gente denuncie isso! Que a gente anteveja esse tipo de manobra. Porque não se pode fazer isso com o Supremo Tribunal Federal. ‘Ah, agora, eu vou dar uma de esperto e vou conseguir a decisão do aborto, de preferência na turma com três ministros. E aí a gente faz um 2 a 1”, disse.
Nesse momento, Barroso interrompeu Gilmar e o acusou de ter “pitadas de psicopatia”.
— Me deixa de fora do seu mau sentimento. Você é uma pessoa horrível. Uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia. Isso não tem nada a ver com o que está sendo julgado. É um absurdo, Vossa Excelência aqui fazer um comício, cheio de ofensas, grosserias. Vossa Excelência não consegue articular um argumento, fica procurando, já ofendeu a presidente, já ofendeu o ministro Fux, agora chegou a mim. A vida para Vossa Excelência é ofender as pessoas — afirmou Barroso.
Barroso continou suas críticas, dizendo que o colega “envergonha o tribunal” e que é “penoso” conviver com ele:
— Vossa Excelência, sozinho, envergonha o tribunal. É muito ruim. É muito penoso para todos nós ter que conviver com Vossa Exxcelência aqui. Não tem ideia, não tem patriotismo, está sempre atrás de algum interesse que não é o da Justiça. É uma coisa horrosa, uma vergonha, um constragimento. É muito feio isso.
Cármen Lúcia suspendeu a sessão, mas Gilmar Mendes insistiu que estava com palavra, apenas para recomendar que Barroso feche seu escritório:
— Eu continuo com a palavra. Presidente, eu vou recomendar ao ministro Barroso que fecha o seu escritório. Feche o seu escritório de advocacia — respondeu.
Em seguida, a sessão foi suspensa por Cármen Lúcia, e os ministros deixaram o plenário.