Imagem: Divulgação | Conexão Política
Suponhamos que você more numa cidade que atualmente está atraindo muitos estrangeiros por algum motivo qualquer. O fluxo de entrantes, seja lá qual for a causa, tende a criar uma crescente demanda por novas moradias, sejam para alugar, comprar ou investir. Afinal, as pessoas que estão chegando precisam de um teto, certo?
Como consequência da crescente demanda, em condições normais de mercado, ocorrerá uma apreciação dos preços dos imóveis e dos aluguéis.
Agora imagine que essa sobrevalorização dos imóveis criou um tremendo problemão. O morador nativo da sua cidade já não tem a renda suficiente para comprar um imóvel e perdeu o poder de negociação nas renovações de contratos de aluguel, como consequência do descolamento dos preços frente a renda per-capita média dos que ali já moravam. O que você imagina que vai acontecer?
Eu arriscaria dizer que esses nativos precisarão sair do local onde moram e buscar opções mais acessíveis em periferias, nos interiores ou fora das grandes zonas “quentes” da cidade. Ao menos, esse seria o movimento natural.
Na sequência, vem toda uma gama de problemas como consequência da realocação dos nativos da sua cidade. Os grandes centros supervalorizados perdem mão-de-obra especializada, os custos de contratação ficam mais altos, as empresas locais perdem capacidade de pagamento de contratos de aluguel, a cidade perde atratividade empreendedora e tende a mergulhar numa espiral descendente muito perigosa.
O Governo precisa intervir imediatamente e evitar essa catástrofe regulando o mercado imobiliário, certo? ERRADO!
Permitam-me regressar ao ponto de partida desse raciocínio para enfim, chegar a algum lugar. Pronto ou não, lá vou eu.
Apenas imagine que o Governo de plantão do seu País – ou Cidade, Estado, Concelho, Condado, etc. – é negligente com as causas do fluxo de entrantes estrangeiros. Pior, além de negligente, incentiva o fluxo entrante descontrolado, pois tem interesses econômicos no capital novo em circulação.
Ele arrecada – um eufemismo para ele rouba – uma bolada com impostos decorrentes da mordida nos contratos de aluguel, transferência de propriedades e outras burocracias remuneráveis que alimentam sua fome insaciável de poder econômico. Sem falar do capital político que decorre da exploração demagógica do discurso de Open Borders e a captação de massa eleitoreira que os ajuda a continuar no poder.
Se você for honesto consigo mesmo vai concordar, pelo menos com alguns desses pontos e conclusões, mesmo não me acompanhado integralmente no raciocínio. Não precisa ser um gênio para deduzir que o principal responsável pelo tal morador nativo procurar sobreviver dignamente num lugar diferente de onde morava é a negligência governamental. Todas as consequências disso, acompanham essa responsabilidade.
Seria loucura demais imaginar que essa negligência ou conivência Estatal com a lavagem de dinheiro, indústria de concessões de vistos, crédito subsidiado pelos Bancos Centrais e a evasão de divisas, entre outros ilícitos altamente presentes em crises imobiliárias históricas, seja deliberadamente proposital com o intuito de empurrar mais legislações, regulações e tratados internacionais? Acha que sim, é loucura?
A presidente do município de Barcelona, Ada Colau, apresentará (ou apresentou) na segunda-feira dia 16 de julho de 2018, na cimeira das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a declaração Cities for Housing, que reúne metrópoles mundiais que reclamam dos Estados, competências e recursos contra a especulação imobiliária.
As cidades que subscrevem através de alguns de seus representantes esse tipo de “apelo por legislação global contra especulação imobiliária” são, entre outras: Nova Iorque, Londres, Berlim, Madrid, Paris, Montreal, Barcelona, Cidade do México, Seul, Durban e Amsterdã, entre outras.
Eles querem compromissos com medidas globais de luta contra a expulsão de moradores dos centros urbanos. Querem dar aos Estados competências e recursos contra a especulação imobiliária e contra o processo de transformação de centros urbanos através da mudança dos grupos sociais.
Ora bolas! Não seria mais fácil resolver o problema na raiz com rigidez nas leis imigratórias, políticas que evitem a lavagem de dinheiro, rever a legislação de concessão de vistos, etc.?
Só para concluir, Ada Colau é uma ativista catalã de esquerda, co-presidente da CGLU (União de Cidades e Governos Locais, na sigla original), ativista da agenda 2030 da ONU, membro fundadora da DiEM25 (Democracy in Europe Movement 2025), defensora da independência da Catalunha, pró União Europeia e filiada ao partido Barcelona en Comú.
Os criadores do caos social de natureza imobiliária (e todas as outros tipos) são os mesmos que querem a todo custo vender uma legislação global para determinar como cada localidade, independentemente se sua população subscrever as tais legislações supranacionais, deve conduzir esses complexos assuntos de natureza e competência completamente local.
Complemento
Tentei me distanciar dos exemplos práticos de crises imobiliárias decorrentes de imigração desenfreada porque, na prática, cada caso é um caso.
Em Portugal, por exemplo, o m2 residencial da capital Lisboa já está mais caro que Berlim, capital alemã, mesmo que a renda per-capta alemã seja mais de 2x superior a portuguesa.
Nas regiões turísticas como o Algarve, já falta mão-de-obra para trabalhar nos hotéis, restaurantes e comércio local, simplesmente porque é mais caro alugar um apartamento (ou quarto) por lá que o salário recebido oferecido a esses profissionais.
Nesse caso, na minha opinião, as causas estão intimamente ligadas a forte imigração de brasileiros fugindo da violência do Brasil, europeus, principalmente franceses, ingleses e alemães, fugindo da violência e do alto custo de vida dos seus países e a indústria da concessão de visto Gold para obtenção de cidadania europeia.
Já em Vancouver, no Canadá, há fortes indícios de que uma bolha imobiliária está em formação. A causa por lá está fortemente ligada a evasão de divisas e lavagem de dinheiro de chineses que remetem dinheiro ilegalmente para lá e lavam através da compra de imóveis.
A solução das causas desses de problemas locais está longe de ser definida numa canetada Global da ONU. Eles só querem é poder mesmo.