A primeira prefeita de uma cidade afegã diz que está apenas esperando que o Talibã venha e a execute depois que o grupo terrorista islâmico tomou o poder do país.
Zarifa Ghafari, de 29 anos, é prefeita da cidade de Maidan Sharh, no centro do Afeganistão. Ela disse à iNews que não tentou fugir do país porque não tinha para onde ir.
“Estou sentada aqui esperando que eles venham. Não há ninguém para me ajudar ou a minha família”, declarou. “Estou apenas sentada com minha família e meu marido. E eles virão atrás de pessoas como eu e me matarão. Não posso deixar minha família. E de qualquer maneira, para onde eu iria?”
Ghafari, que se tornou a mais jovem prefeita do país quando foi eleita em 2018, revelou há apenas três semanas que estava otimista sobre o futuro de seu país.
“Os mais jovens sabem o que está acontecendo. Eles têm mídia social. Eles se comunicam. Acho que eles vão continuar lutando pelo progresso e pelos nossos direitos. Acho que há futuro para este país”, afirmou, na ocasião.
Ghafari sobreviveu a vários atentados contra sua vida pelo Talibã desde que ganhou destaque. Seu pai, o general Abdul Wasi Ghafari, foi executado em novembro passado.
Milhares de afegãos tentam fugir depois que o Talibã assumiu o poder após um ataque violento de uma semana em todo o país.
Conforme noticiou o Conexão Política no domingo (15), dezenas de registros já evidenciavam a situação desesperadora de centenas de pessoas tentando embarcar em aviões comerciais para tentar fugir de Cabul.
A princípio, era possível ver uma multidão correndo ao redor de um Boeing C-17 da Força Aérea dos Estados Unidos enquanto o jato percorria pelo aeroporto.
Nesta última segunda-feira (16), uma gravação mostra um Boeing C-17 da Força Aérea dos Estados Unidos decolando e — ao redor da pista — ao menos duas pessoas haviam se agarrado ao trem de pouso da aeronave. Momentos depois, é possível ver os civis despescando no ar.
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De acordo com a agência Reuters, cinco pessoas morreram durante o caos no aeroporto de Cabul.
O Talibã invadiu a capital do país no domingo (15), depois que o presidente Ashraf Ghani fugiu, trazendo um final surpreendente para uma campanha de duas décadas em que os EUA e seus aliados tentaram transformar o Afeganistão.
Em meio à turbulência, o governo Joe Biden enfrenta críticas crescentes por demonstrar fraqueza perante o inimigo. Poucos dias antes de os terroristas islâmicos tomarem Cabul com pouca ou nenhuma resistência, uma avaliação da Casa Branca previu que “a capital levaria meses para cair”.
Biden passou vários meses minimizando a ameaça do grupo terrorista islâmico, dizendo em 8 de julho que era “altamente improvável” que o Talibã invadisse o Afeganistão.
O ex-presidente Donald Trump liderou a reação contra a fraqueza demonstrada por Biden, conclamando-o a “renunciar em desgraça” por causa da crise.