O ‘território tucano’ voltou a ser palco de brigas e desentendimentos nos bastidores do PSDB.
Às vésperas da disputa presidencial de 2022, o clima político entre Aécio Neves, de Minas Gerais, e João Doria, de São Paulo, voltou a movimentar a cúpula do partido.
Em março deste ano, conforme antecipou o Conexão Política, Aécio veio a público para tecer críticas ao governador de São Paulo. Segundo ele afirmou, na época, Doria tem tamanha ‘obsessão pelo marketing’ ao ponto de afetar articulações que, na visão do mineiro, são essenciais para estabelecer no eixo político.
Ainda naquele período, Aécio também criticou a falta de apoio dos ‘dorianas’ em torno da candidatura de Arthur Lira (PP-AL) na então disputa pela presidência da Câmara dos Deputados.
Na visão dele, a omissão dos aliados de Doria resultaria numa possível abertura de caminho para Baleia Rossi (MDB-SP), que chegou a ser o principal nome a concorrer com Lira.
No entanto, apesar do isolamento da ala tucana, Arthur Lira foi o candidato do governo Bolsonaro na disputa pela presidência da Câmara e venceu com votação expressiva.
O retorno do duelo
Nesta segunda-feira, 19 de julho de 2021, o embate entre Aécio e Doria voltou a ser um dos principais assuntos do cenário político nacional.
Acontece que, mesmo diante das incertezas do que a cúpula tucana deve decidir sobre o páreo do ano que vem, João Doria partiu para o ataque contra o ex-governador paulista Geraldo Alckmin e, evidentemente, contra o deputado federal Aécio Neves.
Fogo em Aécio
O atual governador de SP ignorou o fato de estar inserido num processo de campanha interna para conquistar apoio na prévia nacional do partido. Sem temer as consequências futuras, ele disse à CNN Brasil que Aécio gosta de “conchavão”, frisando que o “fracasso subiu à cabeça” do correligionário, além de relembrar que o mineiro é investigado por supostos recebimentos de propina.
Doria foi além, e defendeu amplamente a saída de Aécio do partido.
Alckmin não escapou dos ataques
Ao dizer que não possui nenhum apadrinhamento político, Doria criticou o fato de Alckmin não manifestar interesse em participar de uma prévia estadual na legenda.
A reação, como já era prevista, não demorou para acontecer. Membros do ‘tucanato’ ameaçam boicotar Doria na prévia nacional do PSDB, em 21 de novembro.
Há quem diga, inclusive, que João Doria pode vivenciar ‘o maior vexame político de todos os tempos’, o que afetaria não só a eventual pretensão ao Planalto, mas também desencadearia rupturas na tentativa de qualquer cogitação de voltar atrás e, de modo repentino, ousar disputar novamente uma vaga no Palácio dos Bandeirantes.
Cada vez mais isolado, Doria sente os efeitos de ter ‘surfado’ e menosprezado o eleitorado consolidado no slogan ‘BolsoDoria’, que emplacou não só a vitória dele, mas garantiu a continuação do segmento tucano por mais 4 anos no comando de São Paulo.
A gangorra não para de balançar
De um lado, os votos da direita que não voltam mais. Do outro, o racha na legenda que pode ser determinante no desdobramento estadual e nacional.
Sem saída, e sem nenhum tipo de freio articulatório, João Doria ‘acelera’ seu destino rumo ao isolamento político.