O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, disse que não há lugar na democracia brasileira para a “não aceitação dos resultados legítimos das urnas”.
A declaração ocorreu durante uma entrevista ao jornal O Globo e o conteúdo foi publicado neste domingo (30), na versão digital do veículo.
Barroso voltou a defender o sistema eletrônico de votação, frisando que já “passou o tempo de golpes, quarteladas, quebras da legalidade constitucional. Ganhou, leva. Perdeu, vai embora”.
O ministro tem feito menções ao cenário das últimas eleições nos Estados Unidos. Nas palavras dele, o republicano Donald Trump “esperneou muito, mas está na Flórida, não em Washington”.
A confiabilidade da urna eletrônica tem sido questionada por milhões de brasileiros. Recente, conforme registrou o Conexão Política, manifestantes foram às ruas no Dia do Trabalhador para apoiar o voto auditável.
No início deste mês, a deputada Bia Kicis (PSL-DF), atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), veio a público para rebater a narrativa de que a medida estaria enfrentando rejeição no Congresso.
Segundo ela, apesar de o tema ser liderado pela ala conservadora, grande parte dos parlamentares estão enxergando o projeto com bons olhos, além de já acenarem positivamente em defesa da aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) 135/19, que torna obrigatória a impressão do voto nas eleições para que seja possível auditar o resultado das urnas eletrônicas.
Além disso, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), decidiu instalar uma comissão especial para analisar a PEC.
Barroso, no entanto, disse que a votação por meio de urnas eletrônicas já é auditável “do primeiro ao último passo”.
De acordo com ele, “a principal razão da desconfiança é o desconhecimento de como o sistema é seguro, transparente e auditável”.
“A urna eletrônica possui um arquivo que funciona como a velha urna de lona, armazenando todos os votos, sem a identificação do eleitor, naturalmente. Esse registro possibilita a recuperação dos votos para sua recontagem eletrônica”, justificou.
Ainda segundo o magistrado, “nunca, desde a introdução das urnas em 1996, houve qualquer denúncia de fraude documentada e comprovada. Se alguém tiver qualquer prova nesse sentido, tem o dever cívico de apresentá-la”.
Para ele, o voto impresso no país “sempre fez parte de trapaças, desvios e questionamentos”.
“Parte das pessoas que defendem o voto impresso já fazem com antecedência o discurso do ‘se eu perder, houve fraude’. Nos Estados Unidos, aliás, o voto impresso não impediu esse tipo de alegação”, afirmou.
Por fim, assegurou que “o processo eleitoral é seguro e que vai proclamar quem efetivamente venceu. O resto é espuma e fumaça.”
Neste mês de maio, o Conexão Política veiculou um texto sobre o assunto. Saiba mais:
Entenda a importância da urgência do voto impresso no processo eleitoral brasileiro