Imagem: Conexão Política/Divulgação
A maioria das mulheres quando ouve falar do movimento feminista acredita que se trata de um movimento em defesa dos interesses das mulheres. Muitas, especialmente durante a adolescência, a fase onde mais questionamos sobre Deus e o mundo, são seduzidas pelo discurso de “empoderamento”, carregado de palavras que exigem direitos iguais, oportunidades, respeito e maior visibilidade na sociedade.
Comigo não foi muito diferente, confesso. Sempre estive engajada com temas sociais e pessoas com esse perfil são presas fáceis diante dos discursos que exaltam a “justiça social” e o “direito das minorias”. Mas a verdade é bem diferente quando amadurecemos e temos contato com outras perspectivas de conhecimento. O velho espírito adolescente sai de cena e entra em jogo uma compreensão muito mais ampla do que está por trás desses e outros movimentos, ditos “populares”.
Sequestrado pelo marxismo
Não sei você, mas já parou para observar a maioria das feministas atuais, como elas se identificam com a ideologia comunista e quase todas as propostas dos partidos de esquerda? Isso não é só uma impressão, mas a consequência direta do que alguns acadêmicos chamam de segunda onda do feminismo, existente entre os anos 50 e 90.
Antes desse período o feminismo era um movimento de mulheres que lutava por direitos civis e oportunidades iguais na sociedade. Elas queriam o direito de votar, trabalhar, serem vistas com independência e não como propriedades dos seus maridos. Queriam ter melhores salários e poder participar das mesmas atividades e ambientes que os homens, como nas universidades e na política, através de cargos públicos. Havia, portanto, uma luta legítima das mulheres em prol de direitos fundamentais, antes ignorados pela sociedade.
A partir de 50, no entanto, o feminismo começou a mudar. O conceito de “gênero” foi consolidado e desvinculado do sexo biológico. Daí surge a famosa frase da feminista mais notável do seu tempo, Simone de Beauvoir, ao dizer que “não se nasce mulher, torna–se mulher”, sendo esse um dos principais conceitos que viria influenciar isso que atualmente chamamos “Ideologia de Gênero”.
Beauvoir disse em uma entrevista que “não há um destino biológico e psicológico que defina a mulher como tal”, preferindo interpretar a existência do gênero feminino como um mero produto da história, desprezando assim a beleza e a singularidade de nossos corpos, especialmente quanto ao potencial reprodutivo, algo tão visível que tamanha clareza de destino reduz a declaração de Beauvoir ao mero campo das fantasias e queixumes de uma pessoa, talvez, frustrada consigo mesma.
Outra autora feminista referência da sua época, Shulamith Firestone, ampliou a desconexão entre gênero e sexo biológico feita inicialmente por Beauvoir. No livro “A Dialética do Sexo” Firestone afirma que a meta final do feminismo é “não apenas a eliminação do privilégio do homem, mas também da própria distinção sexual: as diferenças genitais não mais significariam culturalmente”.
Tanto Beauvoir quanto Firestone, assim como várias outras da sua época, formularam esses conceitos baseadas na filosofia comunista de Karl Marx, mais precisamente como fruto do livro “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, assinado por Friedrich Engels e lançado em 1884. Na obra, os autores apresentam a relação entre o homem e a mulher como resultado de uma luta de classe em função do capital. Na família, segundo o livro, o homem é o “patrão”, enquanto a mulher e seus filhos o meio de produção, meros operários.
Dessa forma, concluem as feministas marxistas, que para vencer esse tipo de relação “opressora” e “capitalista”, a mulher precisa controlar seu meio de produção. Ou seja, a gestação. Para isso duas coisas são essenciais: 01 – Ter a “liberdade sobre o próprio corpo”, o que na prática significa o direito de assassinar bebês (aborto) e; 02 – Não depender mais, ao menos diretamente, do homem para ter filhos, o que significa poder fazer inseminação artificial e criar seus filhos em relacionamentos homossexuais.
Com essa breve explicação podemos entender a razão pela qual o movimento feminista atual defende a todo custo o aborto, a ideologia de gênero e relacionamentos homossexuais entre os integrantes do movimento. Para que tenhamos uma ideia precisa disso, vale destacar a citação da autora feminista Virginia Ramey Mollenkott, feita pelo Dr. Peter Jones no livro “A Ameaça Pagã” (2002, p. 215), ao dizer que: “A heterossexualidade obrigatória é a espinha dorsal que mantém o patriarcado em pé. A homossexualidade quebrará essa espinha”.
A falência do feminismo
Veja que coisa curiosa! Inicialmente o feminismo lutava pela afirmação da mulher e sua valorização, o que significava ser diferente do homem, reconhecendo que somos únicas, porém, com os mesmos direitos e oportunidades. Depois, o feminismo tratou de desconstruir a ideia do que significa ser “mulher”, mas não para criar um novo modelo de mulher, e sim para criar um modelo “neutro”, sexualmente indistinto.
Já que no atual feminismo o corpo não significa nada, visto que não há “destino biológico” para a mulher, e que o gênero não passa de um produto histórico, afinal de contas, o que sobrou da mulher? Não podemos falar em feminilidade, nem sensualidade, porque isso está vinculado ao corpo. É preciso usar o corpo e nosso ideal de beleza para sermos atraentes sexualmente, também, o que exige de nós uma identidade própria. Mas, como fazer isso sem valorizar nossa própria feminilidade para não ter que reforçar “estereótipos”?
A verdade é que não se trata de sexo, nem gênero, mas de poder cultural e imposição ideológica. Se trata de controle e ditadura da opinião! A prova disso está na vitória da transgênero Angela Ponce como Miss Espanha na semana passada.
Quando a segunda onda do feminismo estava em seu auge, na década de 60, vários protestos foram realizados contra o concurso de Miss Estados Unidos, em 68 e 69. Grupos como o New York Radical Feminists, um dos mais proeminentes na época, alegavam que o evento explorava as mulheres, tratando-as como objetos e de forma meramente comercial. Onde esses protestos foram parar?
Estamos em 2018, e o que vemos com a exaltação em todas as mídias da vitória de um transgênero no concurso de Miss Espanha é a comprovação de que o movimento feminista foi derrotado por seu próprio discurso. Como não conseguiram banir a realização do concurso ao longo da história, agora dão destaque para a vitória de um transgênero, que na verdade é macho. Vejam quanta ironia!
A mudança de gênero feita por um “transgênero” que deseja ser mulher, e não a própria mulher se auto-afirmando como mulher através da sua beleza única e natural, se tornou destaque no maior evento de beleza feminina do mundo. Será mesmo que o movimento feminista daria o mesmo crédito para uma mulher, de fato, que valorizasse a sua condição sexual feminina? Certamente não.