O líder do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, defendeu nesta última terça-feira (20) uma ‘nova ordem mundial’, em um discurso na cerimônia de abertura da conferência anual do Fórum Boao para a Ásia (FBA), evento de negócios da China.
O mandatário pediu “a rejeição de estruturas de poder hegemônicas na governança global”, em meio ao agravamento das tensões entre Washington e Pequim em uma gama crescente de assuntos, incluindo violações graves de direitos humanos por parte do governo comunista chinês.
“O mundo quer justiça, não hegemonia”, disse Xi no fórum. “Os assuntos internacionais devem ser tratados por todos”, acrescentou.
O ditador comunista não mencionou os EUA em seu discurso de cerca de 20 minutos, mas criticou os esforços de alguns países para “construir barreiras”, “desacoplar” as cadeias de abastecimento e “impedir” a venda de semicondutores americanos críticos e outros produtos de alta tecnologia para empresas chinesas como a Huawei.
“As regras estabelecidas por um ou vários países não devem ser impostas a outros, e o unilateralismo de cada país não deve dar um ritmo ao mundo inteiro”, declarou, possivelmente se referindo ao líderes do Japão e EUA, que se comprometeram recentemente a trabalhar juntos para se opor à coerção comunista chinesa nos mares do Sul e Leste da China.
Washington e outros governos ocidentais também criticaram fortemente a repressão de Pequim a Hong Kong e os abusos dos direitos humanos contra minorias religiosas, como os muçulmanos uigures de Xinjiang.
“Interferir nos assuntos internos de outros países não será bem recebido”, disse o ditador asiático.
O Fórum Boao durou quatro dias terminou nesta quarta-feira (21), contou com a participação do presidente-executivo da Apple, Tim Cook, o presidente da Goldman Sachs, John Waldron, o CEO da Tesla, Elon Musk, e Stephen Schwarzman, da Blackstone.
Shi Yinhong, diretor do Centro de Estudos Americanos da Universidade Renmin em Pequim, disse que não havia dúvida de que os Estados Unidos eram os alvos das declarações de Xi. “Aos olhos da China, os EUA ainda são hegemônicos”, afirmou.
Xi insistiu que as vacinas eram “bens públicos globais” e disse que fornecerá mais “ajuda” aos países em desenvolvimento para superar a pandemia e buscar “cooperação global” mais ampla em saúde pública e medicina tradicional.